Falar verdade a mentir
Depois de tanta expectativa, Cagão Feliz cai no básico e recorre, mais uma vez, ao fundo de aposentação dos trabalhadores da CGD.
Temos défice, ou seja: o Estado gasta mais dinheiro do que aquele que consegue captar através dos impostos.
Assim, há duas hipóteses: ou se gasta menos (o que tem consequências políticas e sociais nefastas), ou se arrecada mais impostos (nomeadamente através de uma efectiva luta contra a fraude fiscal, correndo o risco de chatear alguns amigos).
Mas nada disto foi feito.
A solução escolhida foi transferir para a Caixa Geral de Aposentações (do Estado), 2,4 mil milhões de euros que estavam no fundo da CGD.
Ou seja: já não há défice, porque na coluna das receitas entrou mais dinheiro, apenas em termos contabilísticos, como é óbvio.
Cagão reconhece que isto não passa de uma farsa, e chega a questionar "que tipo de Europa estamos a construir, uma Europa verdadeira ou uma falsa Europa de manobras contabilísticas".
Tem toda a razão.
Faltou-lhe, então, a necessária coragem política, para dizer que, se isto é uma farsa, que não se pactue com ela.
Mas ele não fez isto.
Defendeu, mais atrapalhado que emocionado, que a manutenção do défice abaixo dos três por cento era uma necessidade "patriótica", embora uma mentira.
Alemanha e França atiraram o défice às urtigas, e nada lhes aconteceu.
Nós andamos a fazer uma grave ginástica com graves consequências futuras, com medo de sanções que, apenas no caso de não se fazer nada entretanto, poderiam eventualmente ser aplicadas a partir de 2007!
Há dois dias, naquela conferência de imprensa em que não tinham nada para dizer, Cagão e Sacana disseram ao país que era importante "falar verdade".
Falar verdade!
Porquê?
Porque angariamos menos dinheiro em impostos do que aquele que gastamos.
Quem fala verdade?
Aqueles que agora reconhecem o défice, ou aqueles que, há um mês (!), anunciavam a baixa dos impostos?
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