quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

O Ébrio Inspector Rôla e o Homicídio na A5

Passavam quinze minutos depois das nove da noite. dirigia-me a toda a velocidade para o local do crime: saída para Porto Salvo na A5. Sentido: Lisboa-Cascais. O Renault 5 côr creme carcomida pelo sol de 82 do serviço, voava em terceira a fundo pelo Alto da Pimenteira acima. A quarta tinha-se finado no início dos anos 90.

Os homens da Brigada de Trânsito aguardavam-me e o tráfego havia sido desviado para a saída de Oeiras. Pinos laranja e brancos delimitavam o local do homicídio. Atropelamento e fuga, segundo testemunhas oculares.

Da vítima, um traço contínuo pouco mais restava do que um pequeno tracejado. A viatura de intervenção rápida do INEM tinha chegado ao local pouco depois da ocorrência mas nada haviam podido fazer, a morte foi imediata.

As testemunhas, dois portageiros, uma moita e um traço contínuo vizinho próximo da vítima estavam todos de acordo. O criminoso conduzia uma travessa de pirex de 99, 2000 talvez, era pequeno e atarracado, apresentava uma tez de côr estranha, possivelmente estrangeiro e passou na portagem sem parar, nem pagar.

Pelo rádio chega a comunicação de que uma viatura semelhante à envolvida no crime foi encontrada nas imediações do Casino do Estoril, e um indivíduo cuja descrição correspondia ao suspeito foi avistado a entrar no casino. Terceira a fundo para o Estoril.

Já no casino, contando com a colaboração de reforços da PJ percorro a sala das máquinas de jogo, o meu olhar perspicaz e treinado procura descobrir por entre as centenas de jogadores, o suspeito. Duas gémeas com corpos de modelo prendem-me a atenção, puxo de um cigarro e peço-lhes lume. São suecas as manas Ikea. Belas prateleiras.

Caminho por entre a multidão, piso alguém. Olho para baixo, é um tipo pequeno, atarrcado e amarelo. Será o meu suspeito? Ele dirige-se para a saída, sigo-o com a mesma subtileza com que um felino segue a sua presa na savana africana. Diriige-se para a travessa de pirex estacionada numa esquina próxima. Apresso a passada e detenho-o.

Muito vai ter que explicar ao Senhor Doutor Juiz, senhor Atum Ramirez.

É agora quase meia-noite. Preciso de um copo, ou dois.

Sem comentários: