sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Eleições
No Domingo, vou votar, como habitualmente.
Devo confessar que ainda não sei em quem, não por cinismo de achar que não serve de nada e todos eles são maus, apenas porque não sei, de entre dois partidos, aquele que merece mais o meu voto.
Mas isso não é, agora, o mais importante.
O importante é que vai ser feita alguma justiça, às mãos dos votantes.
Justiça porque esta direita vai ser finalmente despejada do poleiro, mais ainda do que pela vitória do PS, que nada de relevante, por si só, mudará.
É importante que o país dê este sinal, de que está farto. A esquerda irá subir, o que muito me agrada, embora considere que não se pode falar de uma viragem do país à esquerda. Viragens destas já vi muitas, e em larga medida não querem dizer nada a não ser o desejo de penalizar quem lá está.
Mas, ainda assim, é de extrema importância a derrota da direita.
Desta direita puritana e mesquinha, que se mascara de popular para enganar o povo com gravatas pretas e lágrimas de crocodilo, tratando o povo como idiotas, como sempre fizeram.
O povo é burro? Sim, em boa parte. Mas a postura do poder deveria ser de tentar alterar isso, e não apenas tentar tirar partido desse facto, como os três partidos do eixo do poder estão a fazer.
É preciso correr com esta direita. A sua derrota será a derrota da estratégia de terra queimada, do marketing barato, do boato, da manipulação, do choradinho do menino guerreiro e da virgem santíssima.
Não quero o meu país governado por santanetes, advogados e gestores. Não quero o meu país governado pelos 10 por cento mais ricos, que fingem, em campanha, compreender e amar o povo, mas que têm como único objectivo a manutenção dos seus sujos privilégios.
Quero um governo de pessoas que trabalham, que sabem o que é a vida. Que sabem das dificuldades em criar uma família, pagar as contas, estudar à noite e aproveitar as promoções da TAP para viajar ao estrangeiro. Quero um governo de gajos que não têm barcos e não fazem propaganda de serem, ou não, católicos.
Quero um governo de pessoas, comuns como nós, e não de tecnocratas impotentes com filhos betos, que estão nas jotas para serem iguais aos papás, continuando o roubo das últimas décadas.
Quero um governo que saiba falar de felicidade, e não apenas de défice, que saiba falar de alegria, e não apenas de sacrifício, que saiba falar de ganas de viver, e não apenas da sobrevivência de tachos e privilégios.
Chega de betos, tias, santanetes, advogadozinhos a lamber os beiços. Isso não é Portugal, é apenas o cancro que anda a comer Portugal.
Espero que se confirme o cenário que previ: a vitória do PS SEM maioria absoluta, e a subida de Bloco e CDU; que o PPD/PSD (filhos da puta!) tenha 30 por cento no máximo e que o PP não seja a terceira força política; e, se ainda houver brindes, gostava de ver o Garcia Pereira na assembleia e o Manuel Monteiro a cantar no metro.
Boas eleições, caros atónitos.

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