sexta-feira, 22 de julho de 2005

E agora, para algo de completamente diferente..........

Lamento profundamente interromper o nosso devaneio de silly season, , mas sinto que tenho que falar de política. Como tal, e tendo a consciência de que estou a baixar o nível, compreendo que queiram ir saindo ordeiramente, não se esquecendo de pagar a conta no bar que isto do défice toca a todos.
Feito o disclaimer, vamos a isto.
Eu não gostava, e continuo a não gostar, do Campos e Cunha.
Mas há algumas coisas a dizer acerca da sua saída, e da forma como ela foi feita.
Isto é a politiquice pura a funcionar.
Diz-se por aí, e parece ser verdade, que o ex-ministro saiu devido à falta de sintonia com a equipa governamental. Eu percebo que tenha de haver um mínimo de coesão no Governo, mas isso não pode implicar uma completa alienação da personalidade dos seus membros.
Por outro lado, convém analisar as tais divergências tão graves que fizeram cair o ex-ministro.
Inicialmente, ainda antes de tomar posse, falou na possibilidade de aumento de impostos. Aí, estalou a bronca. Como se veio a verificar, Campos e Cunha foi a única pessoa do Governo a falar verdade aos portugueses.
Depois, um artigo de jornal em que ele diz uma coisa tão chocante quanto isto: em tempo de crise, todos os investimentos têm de ser analisados ao pormenor, especialmente os de valor elevado, porque nem todo o investimento público gera um benefício económico para o país.
Por último, esse malandro tem a lata de dizer, numa comissão parlamentar, que precisa primeiro de ver os projectos da Ota e do TGV ao pormenor, para depois fazer um juízo sobre a sua utilidade e benefício económico. Isto numa altura em que todos os boys & girls de vários partidos, mas especialmente do PS, apressam a história da Ota para um facto consumado, na expectativa de realizar as grandes negociatas por que esperam há muitos anos, desde que compraram muitos dos terrenos em causa ao preço da uva mijona.
Em suma, o senhor pode ter muitos defeitos, mas ele foi corrido por ser frontal, dizer o que pensa e dar opiniões que qualquer pessoa com pelo menos meio neurónio daria.
A personalidade “rebelde” do senhor era já conhecida quando ele foi escolhido para o Governo. Não era e não é um político profissional, o que o levou a dar-se ao luxo de dar opiniões! Caso diferente é o do cada vez mais irritante e presunçoso Freitas do Amaral, que é há muitos anos político profissional, pelo que sabe o peso que é atribuído a cada “opinião” sua.
E assim sai um dos independentes do Governo, um daqueles que Sócrates utilizou para, todo garboso, apregoar a qualidade do seu Executivo.
O sistema político vigente, ou seja, o sistema partidário vigente, não quer honestidade. Quer mentira, falsidade e meias palavras. Nada dizem, e como tal não se comprometem, para depois decidirem o que bem entendem, para lixar sempre os mesmos.
Em suma, um nojo. Um nojo previsível, mas ainda assim um grande nojo.

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