segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Esse tal de Álouin

Hoje é a noite desse tal de Áloiun, como me dizem os jornais do dia. Máscaras, bruxas, velinhas, vampiros e abóboras, que na vertente portuguesa seriam cabaças, mas são menos sexys(?!).
Há várias coisas que me irritam no Álouin, mas isso até acontece com a maior parte das coisas.
Irrita-me que seja mais um sinal da americanização deste cantinho alegremente ignorado pelo nosso Senhor; irrita-me o fenómeno comercial “para escoar parte do stock que restou do Carnaval”; irrita-me a atitude dos Media à volta desta palhaçada, porque dá notícia (?) fácil e barata, sem pensar muito e sem chatear muita gente (só a mim e a uns quantos lúcidos alcoolizados); mas, sobretudo, irritam-me os gajos que “brincam ao Álouin”.
Sim, porque esta é a forma correcta de classificar o comportamento da malta que, logo à noite, vai invadir o Bairro Alto vestido de Drácula ou merdas afins. Gajos adultos vão “brincar ao Álouin”, vestidos com a farpelita janota que andam a guardar desde que decidiram ir à noite a Sintra fazer um ritual satânico mas que depois não foram porque se acagaçaram (ou porque foram apresentados a esse conceito revolucionário chamado “ridículo”).
O ritual do Álouin são os putos a irem de porta em porta a pedir doces, o que é a maneira americana de fazer o nosso saloio “Pão por Deus”. É uma cena de putos orquestrada pelo lobby americano da higiene dentária.
Irritam-me sobretudo os góticos, que aproveitam esta noite e as sextas-feira 13 para darem largas ao seu fetiche paneleiro de bebedores de sangue e de comedores pelo cu.
Ok, vocês gostam de sangue, e de morte e do Patrácula. Então matem-se! Já! Depressinha, que eu não tenho a noite toda!
Agora, por favor, não se armem ao alternativo com a fatiota da loja dos chineses e não saiam à rua vestidos de gótico à hora marcada, decidida lá pelo Tio Samuel.
Há quem diga que não passa de uma desculpa para fazer uma festa e ir para os copos, o que eu até compreendo. Mas para isso há sempre os jogos da bola em que os lagartos levam na anilha (todos, pelos vistos); os concursos de miss Portugal; o festival da Eurovisão; os Jogos sem Fronteiras; o Carnaval de Ovar; quando um amigalhaço recebeu uma encomenda da boa e quer partilhar com uma malta selecta; ou o simples desejo de mamar copos até cair para o lado, o que qualquer bom atónito faz pelo menos duas vezes por semana.
O Álouin não é cool, é uma bosta. É uma bosta malcheirosa cheia de moscas.
Vão mas é beber uns bagaços, vestidos ainda com a roupa do trabalho, e deixem-se de merdas.

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