quarta-feira, 19 de abril de 2006

Ainda os deputados

Muita tinta tem corrido sobre as faltas dos deputados da nação, e ainda bem. Faz todo o sentido porque é, de facto, um escândalo.
Ainda assim, creio que devemos reflectir sobre alguns factos.
Reflictamos, portanto.
Os gajos bazaram todos para ir mais cedo de fim de semana prolongado. Isto lembra-me alguma coisa....ah, já sei, lembra-me TODOS OS PORTUGUESES QUE SE CONSEGUEM SAFAR!
Os tugas são assim, nós somos assim (os tugas somos nós). Desde que tive a lata de dizer ao meu chefe “boss, hoje não me dês muita merda para fazer que eu quero sair cedo para ir ver o Glorioso”, tenho que admitir que também eu sou assim. O que acontece é que eu me mato a trabalhar todos os dias, ganho uma merda de salário, e não ando a cagar postas (é verdade, eu escrevo-as) de pescada acerca da produtividade e de seriedade e mais não sei quantas balelas semelhantes, e isso marca bem as diferenças entre um Zé Ninguém e os senhores filhos da puta de deputados da nação. Eu mereço escapar-me das poucas vezes que posso, eles deviam partir pedra com os tomates para ganhar a vida.
Por outro lado, houve aqueles espertalhaços que até picaram o pontinho e depois deram de fuga. Bem, quanto a isto só posso dizer que é um bocado igual ao que fazem todos os dias, em que vão lá para dormir e espalhar baba em cima do “Record”. Porque, admitamos, é isso que eles lá vão fazer.
Ou seja, não aconteceu nada que não costume acontecer sempre, com a diferença que desta vez se lembraram todos ao mesmo tempo, e foram apanhados.
Mas o que mais me irrita nesta história toda é aqueles cabrões virem agora armados em virgens ofendidas para justificar o motivo pelo qual não estiveram lá. Mas alguém acredita que os 120 deputados (!) que faltaram tinham todos para fazer coisas não apenas importantes mas até, como alguns dizem, fundamentais para exercer devidamente o cargo de deputado? Tipo o quê, ir apanhar sol para o Algarve?
Parece que afinal foi tudo especulação da imprensa, pá. É isso. Só pode ser isso. Ninguém faltou, pá. Os que não apareceram estavam numa cave bafienta a estudar decretos-lei, e ainda por cima são crucificados na praça pública, pá!
Foda-se, pá!
Coitados, pá!
E houve ainda um senhor deputado da nação (creio que do PSD mas é indiferente), que se mostrou pouco preocupado com a situação dizendo que “daqui a três anos os portugueses terão a oportunidade de julgar os deputados”. Este é, para mim, o maior filhadaputa de todos. Deixem os gajos curtir à grande, foder-nos a vida como bem entendem e gozar de todas as benesses, que daqui a três anos o povinho pode pronunciar-se. Como é natural, daqui a 3 anos o povinho já não sabe o nome dos faltosos (mesmo agora não sabe, nem quer saber, quer é atacar colectivamente a pandilha), com estes ladrões a fazerem naturalmente parte das listas e a serem naturalmente eleitos, como sempre.
Senhores filhosdaputados da nação, deixem-me dar-vos uma novidade: VOCÊS FORAM APANHADOS!
Finalmente foram desmascarados de forma a que até o gajo mais burro do mundo consegue perceber. Como tal, assumam a merda que têm sido (são) e admitam que estiveram mal. É só.
Agora, por favor, não continuem com esta merda desta farsa das justificações, que só os cobre ainda mais de ridículo.
Como dizia o outro, “Vão trabalhar, malandros!”.

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