quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

O que lá vai, lá vai

Vamos começar com uma citação de um velho conhecido nosso:

"Começa a ser caricata a guerra entre Ana Gomes e Luis Amado sobre os voos da CIA, como se daí surgisse um grande espanto nacional ou um imenso escândalo internacional. Aviões alugados pela CIA passaram pela Base das Lajes e outros aeroportos nacionais? Obviamente que sim, como eventualmente todos os dias passam por muitos países europeus. Levavam prisioneiros para Guantanamo ou outros locais? Vá lá saber-se, mas olhar e analisar a História em retrospectiva é sempre um exercício ridículo e perda de tempo e dinheiro. Convém ter os pés assentes na terra, por poucas vezes que seja: a CIA não é propriamente uma polícia política de uma ditadura, sem controlo nem vigilância dos poderes instituídos e constitucionais da democracia mais estabilizada do mundo. Será que não temos mais nada que fazer?",

pergunta-nos Luis Delgado, na sua diatribe semanal no DN, entre outros disparates do mesmo quilate (o senhor desta vez estava inspirado, parecia mesmo como nos bons velhos tempos).

Gostei particularmente da frase "olhar e analisar a História em retrospectiva é sempre um exercício ridículo e perda de tempo e dinheiro". De facto, como todos sabemos, deve-se analisar a História entrando numa máquina do tempo e dirigindo-nos para o futuro.

Este belíssimo artigo lembrou-me de toda esta história dos voos da CIA. E, algo que me era relativamente indiferente há uns tempos, deixa de o ser quando vejo o completo embaraço que toma conta de PSD, CDS e, espante-se, PS, quando a questão vem à baila.
Estava no poder a coligação, depois de o José Barroso ter servido as bicas nos Açores, então por que raio o PS se mija todo quando se fala no assunto? Será que o Sócrates, esse grande esquerdalho, também tem algo a esconder?
Por outro lado, por que razão o Governo não autoriza o envio para o Parlamento Europeu, que o solicitou, da informação detalhada sobre esses voos e os seus protagonistas? Quando Ana Gomes, essa histérica que devia andar ocupada a ser só feminista e a abolir os soutiens e a depilação, questiona exactamente isso - por que razão o envio dos dados ao PE foi impedido à última da hora pelo ministro Luis Amado - este limita-se a ser deselegante e a acusar a coleguinha do PS de "não ter sentido de Estado" e de querer fazer "chicana política", o que quer que isto seja. Por que raio não se limita a responder à pergunta, sem vir com mais retórica de merda?
Quem não deve não teme, creio eu.
Só uns rabetas como estes ministros me conseguiriam levar a dar razão a Ana Gomes...

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