domingo, 7 de setembro de 2008

Verão Azul

Há quem pense que, devido às férias parlamentares e ao êxodo para o Allgarve de todos os políticos nacionais, a política faz-se de Setembro a Junho. Eu não concordo. Aliás, apesar do alívio que é não levarmos com a verborreia parlamentar durante alguns mesitos, é nos meses de Verão que podemos identificar os elos perdidos no ADN dos diferentes partidos.
Os partidodo eixo do poder, ou seja, de direita nas suas várias formas (CDS, PSD e PS) fazem as universidades de Verão. Mais do que doutrina ou ideologia, que não têm, aquilo serve sobretudo para os iupis ambiciosos das Jotas poderem estar, cara a cara, com os gajos que lhes vão arranjar emprego em pouco tempo. Mostram-se, trocam a praia por uns escritórios abafados, e procuram impressionar os Ângelos Correias deste mundo.
Na esquerda, é diferente. O PC tem a festa do Avante, uma belíssima tradição à qual já compareci algumas vezes. Entre bons comes e bebes, iniciativas culturais e bons concertos, e alguma política (nunca assisti ao discurso). É claro que é preciso uma grande dose de tolerância para aturar os freaks dos cães, a malta vestida de sarapilheira e o geral tom de ingenuidade e parvoíce política que perpassa o Estado. Mas, na verdade, as intenções até são boas e louváveis e concordo com a esmagadora maioria delas. É uma questão de forma, de tom, de registo. É bastante irritante, mas há que desligar o complicómetro à entrada.
O Bloco é o mais divertido. Como bons esquerdalhos que são, fazem um acampamento de Verão. Este ano, a coisa ficou ainda mais estranha que o habitual. Aqui vem um resumo fantástico do que por lá se passou, mas deixo-vos aqui um trecho:

Em cada manhã, os diferentes workshops culturais foram acontecendo: percussão, artes murais, teatro do oprimido, andas e animação de rua, construção de vacas magras, massagens, raggajam. Estes foram espaços de descontracção, de desmecanização do corpo mas também das ideias. No último dia, à noite, foram apresentados os resultados de algumas das oficinas, com um espectáculo de djambés e harmónica, com uma exposição de stencil e uma sessão de teatro-fórum sobre violência doméstica.

Os activistas das Panteras Rosas tiveram ainda um papel crucial na dinamização do Espaço Sexualidades, durante o tempo livre, em que diversos workshops e debates tiveram lugar, desde brinquedos sexuais à transexualidade.


Pois.
O Bloco situa-se, no nosso espectro político, na área que, em teoria, mais facilmente deveria cativar o meu voto. Mas a minha baixa tolerância à idiotice levou-me a não votar no BE nos últimos anos. E a coisa parece estar a ficar pior.

Quanto ao PCTP, fizeram um campo de treino semelhante aos do Hamas, com prática de armas de fogo, tiro ao fascista e lições de carpintaria e metalurgia.

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Bastard. Esqueceste-te de fazer referência às actividades de verão do PNR, partido que, a julgar pelas teus recentes posts sobre ciganos, criminalidade e bairros sociais, mais afinidades ideológicas parece ter contigo.

Anónimo disse...

deves querer conversa!

Little Bastard disse...

Caro Louçã, perdão, Ricardo.
Enfiaste a carapuça?
Temos pena.
Deixa de ser emplastro dos meus posts, rapaz, ou mando os meus ninjas neo-fascistas dar-te cabo do flat.

Anónimo disse...

Golpe baixo, Bastard. Golpe baixo.

MBA disse...

Bem, onde tu lês Panteras Rosas eu leio gajos-sem-lavar-o-cabelo-a-fumar-ganzas(nada contra...)-enquanto-bebem-imperiais-de-litro-trazidas-de-casa).

Separadamente, gosto de tudo (mas também gosto de lavar o cabelo...), mas o conjunto irrita-me um bocado.

Bom, isto para dizer o quê? Que, realmente, a ideologia morreu, e que no momento em que se debatesse sem demagogia, 90% dos nossos deputados iam chegar à mesma conclusão: Aristóteles é que tinha razão. No meio está a virtude.