segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Um país de felizes e competentes burocratas

Um homem (eu) entra numa estação de serviço. Escolheu aquela, da Galp, em detrimento de uma mais pequena, de bairro, porque esta só vende gasolina e velas, e não tem tabaco.
O homem entra pela porta que diz "Entrada", apesar da porta que diz "Saída" ser muito mais perto e ir dar directamente ao balcão, que é o seu destino. O homem não consegue evitar sentir que aquilo é estúpido, mas obedece à mesma porque da última vez que fez o contrário teve uma discussão de meio minuto com um mentecapto vestido de laranja.
Para chegar ao balcão, tem de fazer uma gincana digna dos antigos jogos sem fronteiras, por entre os dvd's de filmes de merda, os pacotes de batatas fritas, as revistas cor de rosa e os ambientadores de carro em forma de pinheiro. Finalmente chegado ao balcão, aproxima-se um serzinho vestido de laranja, com ar de enfado por estar a ser incomodado.
- Boas.
- Boa tarde. Diga.
- É a bomba 5 e um camel, se faz favor.
- Não temos camel. Só temos camel azul.
E aí o homem recorda outra discussão, tida numa BP cerca de um ano antes. Olha para trás do mentecapto e vê, no expositor, alguns belos maços amarelos de camel.
- Então isso que tem aí atrás é o quê?
- É camel, mas é do expositor.
Engraçado como as coisas estúpidas se repetem, quase da mesma forma.
- Então mas tem aí um, dois...seis maços de camel. Não pode tirar um?
- Não, não podemos. Mas temos camel azul.
- Deixe estar obrigado. Mas para que serve ter o tabaco aí se não o vende?
- É do expositor.
- Mas o expositor serve para expor o que há, certo?
- E normalmente há, mas hoje não. Estamos à espera.
- Deixe-me ver se percebi. Haver há, mas não pode vender porque está no expositor. E está aí para mostrar que há.
- Sim.
- Mas não há.
- Não. Agora não, estamos à espera.
O homem, ainda não calejado o suficiente para deixar de se surpreender com a estupidez humana, abana a cabeça e sai a rir-se. E sai pela "Saída".

1 comentário:

o homem do estupefacto amarelo disse...

Eu não me preocuparia em demasia, mas acabaste de relatar uma situação típica de quem está prestes a transformar-se irreversivelmente em qualquer coisa estupefacta e amarela.