quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O PP é o PNR dos pequeninos

O PNR é honesto: assume-se como fascista, pouco inteligente e xenófobo. O PP é hipócrita: disfarçado de direita democrática, o PP impõe a mesma agenda de extrema-direita, alegando que em tempo de crise não podemos permitir a entrada e a legalização de mais imigrantes. A não legalização dos imigrantes que cá residem significa que os mesmos podem continuar a ser explorados por entidades empregadoras sem quaisquer escrúpulos. Além das vantagens humanistas, a legalização dos imigrantes contribuiria para a sua integração na economia não paralela, sendo um factor benéfico para a sustentabilidade da nossa segurança social.

O PNR é verdadeiro: assume que não gosta de pobres e que a pobreza deverá ser erradicada através do extermínio dos pobres. O PP é falso: disfarçada de direita moderna, quer acabar com o Rendimento Mínimo Garantido, porque os malandros dos pobres não querem é trabalhar. Esta bandeira é profundamente classista. Existe fraude nos processos de RSI (cerca de 15%), assim como existe fraude nos subsídios às empresas e nos subídios agrícolas. A existência de fraude é algo transversal a todas as classes sociais. Mas ao PP só interessa estigmatizar os pobres, esses preguiçosos que enganam o estado para ganharem a exorbitância de 187,18€ por mês.

O PNR é sincero: defende a existência de uma autocracia repressiva, em que a Polícia fala justiça pelas próprias mãos, sem recurso a paneleirices de tribunais e estados de direito. O PP é mentiroso. Disfarçado de direita responsável, o PP quer aumentar o número de polícias (quando Portugal é dos países da União Europeia que melhor racio polícias/habitantes tem), substituindo o estado social pelo estado penal, criminalizando a pobreza e, na sua paranóia securitária, diminuir as liberdades e garantias dos cidadãos.

Nas próximas eleições autárquicas a Lisboa, não voto na hiprocrisia, mas sim na política de verdade. Nas próximas eleições, eu voto PNR.

4 comentários:

Little Bastard disse...

Em primeiro lugar, tu não vais votar PNR. És um menino bem-intencionado do Bloco.
Em segundo, parece-me um bocado excessivo dizer que o PP é o PNR disfarçado. Há diferenças de grau, e isso tem a sua importância. Às vezes, o nosso ponto de vista ideológico impede-nos de ver os factos e de encontrar soluções concretas, e contra mim falo. Não é por uma proposta cheirar a direita que tem de ser necessariamente má. Por outro lado, nada tenho contra haver mais polícias na rua, e mais bem pagos, e não creio que isso signifique necessariamente que entremos num estado penal. E irrita-me solenemente a conversa de que todos os pobres são vítimas. Muitos são, mas tanto como eu, que também tenho que me matar a trabalhar para ganhar a vida. Outros são apenas preguiçosos. Individualmente nada tenho contra isto, adoro a preguiça. Já como contribuinte confesso que me faz alguma confusão.

Se votasses PNR, nem um copo de água te servíamos neste tasco.

Vítor Ramalho disse...

Quando escreveu este poste ou não consultou o programa do PNR ou estava muito descontraído.
Somos contra a imigração enquanto arma do capital, a lei da oferta e da procura. Porque diabo como número de desempregados que temos se continua a incentivar a imigração?
Porque o capital trata o trabalho como uma mercadoria, porque precisa de uma legião de desempregados, para poder baixar salários e chantagear trabalhadores.
Sim realmente queremos acabar com os pobres nem que seja á custa dos mais ricos. A justiça social é uma das nossas bandeiras.
Também queremos mais polícia na rua para segurança de todos nós, mas defendemos que a justiça só pode ser feita pelos tribunais.
Quanto aos outros partidos que menciona, dou-lhe razão são com as andorinhas, só defendem algumas coisas em período eleitoral.

o homem do estupefacto amarelo disse...

Caro Bastard:

1) É óbvio que tens razão: é um exagero grosseiro afirmar que o PP é um PNR disfarçado. A mensagem que queria deixar passar com este exagero é a de que existe uma perigosa continuidade nas agendas políticas de ambos (apesar das diferenças de escala assinaladas, e bem, por ti): discurso anti-imigração, estigmatização da pobreza e obsessão securitária.

2)Nunca disse que todos os pobres são vítimas. Disse apenas que é classista focalizar toda a agenda política na denúncia da fraude que existe nos parcos subsídios aos pobres (que atinge apenas 15% dos beneficiários), e nada dizer em relação às fraudes perpetradas pela classe média e a classe alta (inclusive pelas grandes empresas que fogem aos impostos).

3) Quanto à questão da segurança, concordo contigo que a esquerda (nomeadamente o BE) deveria ser mais incisiva em defender a eficácia da polícia na prevenção e combate ao crime. Afinal de contas, até são os mais pobres as principais vítimas da criminalidade: um velhote que vai aos correios levantar a sua pensão de 250€ e é assaltado, é muito mais prejudicado do que o yuppie, a quem lhe roubaram o rolex de 2500€ no balneário do Holmes Place. Agora, o que eu digo é que para melhorar a prevenção e combate à criminalidade não é preciso contratar mais polícias, mas sim: (a)transferir polícias que só fazem trabalho administrativo para trabalho de rua; (b) em paralelo ao trabalho de optimização da eficácia das forças policiais, dever-se-á reforçar o combate à pobreza, ao desemprego e à exclusão social. É que o Paulo Portas esquece-se de dizer que somos o país da União Europeia que, do ponto de vista relativo, tem uma maior população prisional. E o Paulo Portas esquece-se de dizer a estreita relação desse facto com outra estatística: somos o país da União Europeia com maiores desigualdades económicas.

Posto isto, espero que usufruas bem dos ares puros da aldeia de Vale da Pereira, sem quaisquer impurezas sociais a removerem o teu auto-rádio com leitor de CDs.

Abraço.

professor x disse...

Realmente comparar o PP ao PNR é um disparate, mas ok, foi uma figura de estilo. Mas é com algum desgosto que percebo que o fantasma da "velha senhora" ainda assombra este país, ou seja, à direita do PSD = fascistas. Não morrendo de amores pelo Portas não me passa pela cabeça tal comparação, mais, infelizmente até concordo que algumas coisas que ele apregoa. Quanto ao PNR permitam-me dar a minha opinião pessoal: PNR = (atrasados mentais, ignorantes, etc...). Se o Portas é um fascista o que será o Jerónimo (com quem até simpatizo e respeito) ao defender o regime da Coreia do Norte. Acham que na Alemanha (governada pelo PP lá do sítio) corre o risco de uma ditadura? E os escandinavos (que de esquerda só mesmo os canhotos)?
Em resumo, acho que uma democracia equilibrada deve ter direita e esquerda e vamos lá enterrar o Salazar de uma vez por todas, pois não faz cá falta nenhuma.