quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A meritocracia será imoral



A meritocracia é injusta. O mérito de cada um não depende das nossas escolhas mas sim da lotaria de oportunidades que nos coube em vida. O merecimento nunca deve der baseado no acaso. Ninguém merece os genes com que nasce. Ninguém merece os pais com que nasce. Ninguém merece o bairro onde nasce. Há desigualdades de base na distribuição das capacidades das pessoas, que não dependem da nossa vontade e do nosso esforço. Se Einstein tivesse nascido na Musgueira não seria Einstein, apesar de a probabilidade de vir a ser um delinquente extraordinariamente inteligente ser bastante elevada. Se Einstein tivesse nascido num bairro rico em Portugal também não seria Einstein: ninguém merece sequer o país onde nasce. A igualdade de oportunidades é uma mentira. Logo, a distribuição de bens escassos numa dada sociedade (como os salários e o reconhecimento social) não deve ser baseado no mérito (meritocracia) mas sim no esforço de cada um ("esforçocracia"?). Eu sei que os patrões me vão arremessar um qualquer objecto para cima dos meus dentes definitivos, mas considero que se alguém menos produtivo se esforçar até ao seu potencial máximo, deverá receber mais do que um colega mais produtivo que, devido à sua indolência, aplica apenas uma fatia mínima das suas potencialidades. Claro que têm razão, é quase obsceno criticar a meritocracia num país que despreza a cultura de mérito e que a substitui pela cultura de favorecimento, cunha e clientelismo (especialmente no sector público). Proponho então que parem imediatamente a leitura desta posta e que voltem a lê-la só daqui a muitos, muitos anos (séculos?), quando a distribuição do poder na nossa sociedade for baseada essencialmente no mérito de cada um e não nos seus amigos. A meritocracia será imoral.

2 comentários:

Tello, o esforçadinho disse...

Já vos disse que tenho o melhor pé esquerdo da europa?

Little Bastard disse...

Não li o post, mas pela foto não posso estar mais de acordo.