segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
CinemaScope
A minha questão filosófica de hoje é a seguinte: porque é que o pessoal da minha geração insiste em continuar a desperdiçar dinheiro em discos em vez de os adquirir exclusivamente através de downloads gratuitos e ilegais? A primeira hipótese seria invocar a existência de escrúpulos morais. Trata-se, é evidente, de uma hipótese totalmente absurda: para uma geração que cresceu a ver o "1,2,3", o conceito de escrúpulo moral é-lhe totalmente estranho. Descartada esta primeira tentativa, resta-nos apelar para uma hipótese um pouco mais ortodoxa: a minha geração, ao ter crescido ainda no tempo em que só havia discos (primeiro, vinis; depois, CDs), desenvolveu uma relação afectiva não só com as músicas mas também com o seu suporte físico. Ora, sempre pensei que esta hipótese seria igualmente inverosímil: a minha geração cresceu a ver "Os Heróis de Shaolin, logo, não estabelece coisas tão pouco viris como "relações afectivas". Contudo, ao contrário do que costuma suceder, o meu instinto filosófico revelou-se profundamente errado. Ontem, quando fui ao cinema, encontrei um colega meu do secundário que não via há 17 anos. Estava em boa forma, bem vestido, um sorriso triunfante pendurado nos lábios, e passou toda a escuridão do filme a enfiar voluptuosamente o dedo no buraco de um CD de uma cantora Pop sueca bem parecida que eu desconhecia.
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4 comentários:
Vai para cima de 8 anos que não compro um cêdêzito. E não tenciono voltar.
Isso é porque vias os "heróis de shaolin" mais vezes que o "dartacão".
Pois, tirando uma musiquitia ou outra comprada online, o resto tem sido via "saca da net". Peço desculpa aos artistas mas quanto às editoras, fuck them!
Eu continuo a comprar a rodelita por mês.
E, Amarelo, o Vítor Paneira, esse grandíssimo jogador nascido na bela terra de Calendário, infelizmente já não joga no Benfas.
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