segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Miss Irão apela à paz no mundo



A proibição da proliferação nuclear é tão hipócrita e inconsequente como a probição da droga. Hipócrita, porque os tratados de não proliferação excluem o clube restrito de países que detêm arsenal nuclear (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França, Índia, Paquistão e Coreia do Norte), sendo que esta casta não tem qualquer autoridade moral para criticar a adesão de outros países ao seu clube (lembremo-nos, por exemplo, que o único país que até hoje usou o arsenal nuclear em combate foram os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial contra o Japão). Inconsequente, porque esta dualidade (países com armas nucleares vs países sem armas nucleares) não só não ajuda a prevenir novas guerras, como ainda as incentivam. Com efeito, praticamente todas as guerras ocorridas desde a Segunda Guerra Mundial ocorreram em dois contextos: (a) um dos países detém arsenal nuclear e o outro não; (b) nenhum dos dois países em guerra detém arsenal nuclear. A excepção a esta norma é completamente residual: só houve 2 combates directos entre nações com armamento nuclear: o conflito entre a China e a União Soviética em 1969 e o conflito entre a Índia e o Paquistão em 1999. E ambos os casos foram pequenas escaramuças fronteiriças que rapidamente se resolveram graças ao medo recíproco de fosse utilizado arsenal nuclear. Desta forma, o melhor contributo que se poderia dar para a paz no mundo seria abolir quaisquer tratados de proliferação nuclear, e permitir que qualquer país pudesse desenvolver livremente o programa militar nuclear que quisesse. Para garantir uma equidade entre países, deveria ser criado uma espécie de FMI nuclear destinado a conceder empréstimos aos países mais pobres que também quisessem aderir à causa atómica. Quando esta minha utopia atómica se concretizar, e todos os países do mundo sem excepção tiverem as suas ogivas nucleares, tenho a certeza de que o pânico permanentemente instalado de que a qualquer momento o mundo inteiro pudesse ser completamente aniquilado por um arsenal nuclear tão omnipresente, iria constituir o mais eficaz e poderoso dos incentivos para a paz no mundo.

16 comentários:

funafunanga disse...

Sim, esses países têm pouca moral para impor a não-proliferação.

Mas a solução que propões permitira o acesso a armamento nuclear de regimes párias, liderados por fanáticos que não se deixassem intimidar. É que o amor à própria pele é requisito necessário para o funcionamento da deterrence. Os ganhos para a segurança geral da liberalização do acesso ao armamente é também o argumento que, nos EUA, usam os que se opõem à sujeição a licença ou outras restrições do uso e porte de armas de fogo.

Little Bastard disse...

Isso é um bocado extremamente estúpido.

o homem do estupefacto amarelo disse...

Caro Funafunanga,

Mesmo os regimes "párias" e "fanáticos" (como o Irão) não têm qualquer interesse na autoaniquilação do seu próprio país (que decorreria de uma guerra nucler). A prova é que o Paquistão é um regime pária e fanático com asenal nuclear, e nunca o usou em nenhum confronto militar. Julgo que a tua análise confunde o conceito de homem-bomba com o conceito de regime-bomba. Um regime fascista religioso sacrifica o indivíduo (como homens-bomba) em nome do regime, mas nunca sacrifica o próprio regime (o mais elevado dos valores para qualquer totalitário). Mesmo os regimes mais fanáticos têm também uma racionalidade de auto-preservação. Se eu estiver enganado, não faz mal: "the bomb will bring us together".

funafunanga disse...

Apesar da racionalidade da tua sugestão, eu continuo a preferir a solução mais barata e segura de ninguém ter e pronto. Nem mesmo anos a ouvir o 'Kill the poor' dos Dead Kennedys me fez mudar de opinião.

o homem do estupefacto amarelo disse...

1) Ninguém ter consegue ainda ser mais utópico do que todos terem.

2) Ninguém ter evita menos a guerra do que todos terem.

3) Ninguém ter é só para paneleiros.

o homem do estupefacto amarelo disse...

Amigo Bastard,

Pagam-me para ter opiniões estupefactas, não opiniões inteligentes.

funafunanga disse...

Completamente. A minha ideia de guerra perfeita seria uma cena assim à jogos sem fronteiras, com muito esferovite, com direito a Eládio Clímaco e tudo. Os talibans (verde-alface) são fodidos? Esperem até conhecer a equipa da Lourinhã (fúcsia).

...E usar a prodiosa tecnologia balística para disparar comida a gente com fome.
'Uma esquadra de contratorpedeiros liderada pelo USS Cole esteve em manobras no Mar Vermelho, a 100 milhas ao largo do Sudão, fizeram fogo contra o país africano, com uma densa barragem de arroz, leite em pó e outros bens de primeira necessidade, num bombardeamento que se fez sentir por duas longas horas' - isto sim, seria notícia.

Fodilhão Despreocupado disse...

Por mim devíamos contrair todos SIDA. Tornava tudo muito mais fácil.

raviolli_ninja disse...

Pagam-te?!

raviolli_ninja disse...

É exactamente este o argumento usado nos Estados Unidos pelos Republicanos. Se toda a gente tiver armas, os criminosos serão incentivados a não se armarem ao pingarelho.

Tem resultado extraordinariamente bem! /fim de sarcasmo

o homem do estupefacto amarelo disse...

1) Pagam-me: 5 aéreos por cada opinião estupefacta, 10 aéreos por cada opinião inteligente (até hoje recebi sempre os meus pagamentos em notas de cinco).

2) Digamos que um mundo cheio de bombas atómicas intimida um pouquinho mais do que um mundo cheio de pistolas.

raviolli_ninja disse...

Sim, partindo do princípio (errado) que toda a gente partilha da mesma vontade de auto-preservação.

Chukie disse...

Acho óptima a ideia de viver em terror constante!

o homem do estupefacto amarelo disse...

Caro Raviolli,

Rejeito liminarmente essa tua ideia fascista de que um raciocínio só é válido quando se baseia em pressupostos verdadeiros.

o homem do estupefacto amarelo disse...

Caro Chukie,

Concordo. A excitação de viver em terror constante é muito semelhante à excitação de ter práticas sexuais em locais públicos

Chukie disse...

Nos meus filmes os casais namoradeiros são os primeiros a finar.