quarta-feira, 14 de julho de 2010

Qualquer banalidade...

... - por mais idiota que seja -, desde que disposta em pequenas linhas encavalitadas umas em cima das outras, tem sempre a aparência profunda da poesia. Apresenta-se, de seguida, um exemplo particularmente idiota para ilustrar a minha teoria.

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A metafísica do fígado

bebo logo existe

deus deu-me whiskies duplos
e apenas um fígado mês de vida

deus é a manuela ferreira leite morta no meu sofá

deus não existe mês de vida

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Experimentem agora vocês em casa, utilizando conteúdos ainda mais medíocres, mas sempre dispostos em pequenas linhas sobrepostas. Se em algum caso a aparência de profundidade poética não se manifestar, garantimos a devolução integral desta estúpida teoria.

4 comentários:

funafunanga disse...

Sim, isso e fazeres aquela voz afectada à Manuel Alegre faz com que qualquer banalidade que digas pareça uma proclamação à nação: "Agora o Poeta vai coçar os tomates, primeiro o esquerdo, depois o direito".

euexisto disse...

bela técnica sim senhor
obrigado pela dica
meu fígado meu amor
meu querido benfica

euexisto disse...

se ficasses só por aqui:
"
A metafísica do fígado

bebo logo existe

deus deu-me whiskies duplos
e apenas um fígado
"

tinhas um poema. e bem bonito.

o homem do estupefacto amarelo disse...

Sai um whiskie quádruplo e um cheque-fígado para o camarada euexisto.