segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Into the Wild
Tendo acabado de regressar do Andanças - depois de há alguns dias atrás ter passado também pelo Festival de Sines - julgo ter recolhido elementos suficientes para traçar com algum rigor o perfil da espécie a que os zoólogos designam tecnicamente por "Freaks dos Cães". Extremamente parecidos com a espécie humana, diferem desta essencialmente pela aversão irracional que têm a água, tesouras, giletes e roupa lavada. Com uma alimentação herbívora, ingerem erva o dia todo, especialmente fumada. Apesar de muitas vezes serem prolíferos produtores de erva, esta é quase toda destinada para consumo próprio. O pouco que vendem não lhes garante qualquer riqueza - nutrem uma indiferença tão grande pela noção de dinheiro que é frequente utilizarem notas de 20 e 50 euros como filtros e mortalhas para as suas ganzas quando escasseiam as alternativas mais convencionais. Geralmente pessoas cultas e inteligentes, já ingeriram todavia tantos estupefacientes que raramente se lembram sequer do próprio nome. A sua capacidade de adaptação e sobrevivência reside sobretudo na relação simbiótica que estabeleceram com os cães, com benefícios óbvios para ambas as espécies: os cães porque conseguem passar as suas pulgas para os "freaks dos cães", e os "freaks dos cães" porque conseguem passar as suas pulgas para os seus cães. Os seus meios de transporte favoritos são a auto-caravana, a boleia e os pés descalços. Com eles, deslocam-se - sempre com os seus cães - de festival "freak" em festival "freak", vendendo chapéus de gnomo, orelhas cumpridas de fada e outros artigos igualmente úteis. Como são contra a violência, só se permitem magoar outrem através de massagens ayurvédicas. Descendentes directos dos hippies, trocaram, contudo, o rock psicadélico por ruídos esquisitos produzidos por didjeridus, o pacifismo pelo malabarismo e o amor livre pelos pepinos biológicos. Não obstante essas diferenças, muitos "freaks dos cães" julgam que a Guerra do Vietnam ainda não acabou. Mesmo quando metem ácidos não adulterados.
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5 comentários:
antes um freak dos cães que um porra de pasta na mão e fatinho engomadinho (os pinguins).
Concordo. Se as multinacionais contratassem "freaks dos cães", o mundo seria bem melhor. É preciso vencer o capitalismo por dentro, como quem não quer a coisa.
Grande festival Andanças!
O festival que só tem pessoal boa onda, muitas gajas, os bailes a noite, o bagacinho com mel, a Percurssão a volta da fogueira, os Uxu Kalhos, as tendas a tarde cheias de pessoal a partilhar momentos de dança, Tango, Kizomba, Salsa, Mazourka...
O verdadeiro festival para passar com a mulher(ou pelo menos com a dos outros).
Agora já entendo porque o meu caro, vai ver um concerto de Mosh de sandálias. eheh
Só há um motivo válido para ir a essa merda: tentar papar gajas, desde que não se seja esquisito com a higiene.
E homem que é homem não anda de sandálias.
Sai um bagacinho com mel para o Carvalho e uma seveninja para o Bastard, tudo por conta da casa.
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