quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu, a Besta

Num jantar entre velhos amigos, esta noite, obtive, de duas pessoas diferentes, a mesma reacção, quando respondi à pergunta:
"Vais assistir ao parto, certo?".
E não, não vou.
E as pessoas fazem a pergunta como que dando-me apenas a hipótese de brilhar, porque é óbvio para toda a gente que eu vou assistir ao parto.
Mas não vou.
E quando digo isso fica tudo com uma cara um bocado parva, procurando não me censurar abertamente mas fazendo-o claramente.
E também não fui a qualquer aula de preparação de parto, nas quais os homens são tratados como castrados irrelevantes. E, ao contrário da grande maioria dos meus amigos, a minha filha vai nascer num hospital do Estado.
E a verdade é que não tomo qualquer destas decisões só para ser diferente ou do contra. São decisões suficientemente importantes para serem bem ponderadas. Apenas acredito que devo pensar, eu, no que quero. É bastante simples.
Sei que, ao não assistir, estou a perder a hipótese de assistir àquele momento, mágico acredito, do primeiro momento em que verei a minha filha. E que não estarei ao lado da minha mulher todo o tempo, dando-lhe apoio. Mas ela será apoiada, e isso é que é importante.
Parece estranho para toda a gente que eu, na minha cabeça, não queria misturar os conceitos da minha mulher enquanto objecto de desejo sexual e de parideira. Que não me agrade especialmente ver a minha mulher sofrer durante 15 horas. Que não me agrade estar presente quando um batalhão de pessoal médico e mais uns quantos estudantes de medicina lhe espreitam pelas pernas acima.
Para que conste, a coisa foi assim: Disse-lhe que, por mim, não estaria presente. Mas que, obviamente, se ela me quisesse lá, eu lá estaria, de corpo e alma. Ao que ela respondeu que assim seria melhor, porque ela gostaria de ter consigo a sua mãe. Que é alguém em que eu confio inteiramente. End of story.
Mas pronto, sou um animal, um insensível e um antiquado, porque agora o "moderno" é o pai assistir e fazer de flor de lótus nas aulas de preparação. Não tenho nada contra, para outros. Que cada um pense por si, e aja de forma consequente.
Eu vou ser a besta, cá fora, a fumar desalmadamente.

7 comentários:

Pai do Tozé disse...

És lampião e gostas de pop.
A sogra só tem é que dar assistência.
Achas que eu fui ver o parto?

. disse...

concordo plenamente com a tua posição.

funafunanga disse...

Se fosse no privado, por mais €30 eles davam-te o DVD, incluindo extras como entrevista com a equipa de enfermagem.

Entretanto, se quiseres assistir a um parto, podes sempre ver este dos Monty Python (http://www.youtube.com/watch?v=arCITMfxvEc), mais a machine that goes 'ping!'.

Grevista do Prédio disse...

Um amigo meu saiu da sala do parto a dizer que o puto tinha saído pela cona da mulher... Como se fosse possível!!!!

Sadeek disse...

Bastard, eu assisti ao parto dos meus dois filhos. A minha mulher insistiu e eu acedi. Não impressiona tanto como isso. Não vês sangue por todo o lado e a ultima coisa em que pensas é que lá está muita gente (que não são tantos assim) a "espreitarem.lhe pelas pernas acima". O que interessa é que a coisa corra bem. O momento em que vires a criança pela primeira vez vai ser sempre mágico. Sempre. Quer seja na sala de partos quer seja cá fora. O resto é conversa...

Abraço e boa sorte!

P.S.- Só para que conste também nao fiz aulas de preparação nenhumas. Isso é altamente roto e naõ me parece que aprendas assim alguma coisa de transcendente... ;)

Little Bastard disse...

Gracias.

Isa David disse...

lololol Flor de Lótus...
Eu costumo dizer que há uma, duas vá, que têm que lá estar de certeza, o resto é adereço.
Força e sorte. ;)