A novela do salário mínimo parece um daqueles enredos da TVI, em que desde o princípio já se percebeu o fim mas eles lá vão enchendo o chouriço, com voltas e reviravoltas de enredo que não convencem ninguém. Infelizmente, nesta novela do Governo, há a Helena André em vez das mamas da Rita Pereira ou de qualquer moranguita de 15 anos.
Isto vinha a ser preparado há muito tempo. Perante os sinais que se avolumavam, os cabrões dos jornalistas tiveram a ousadia de fazer o seu trabalho e perguntar repetidamente aos ministros se seria mantido o COMPROMISSO FORMAL de aumentar o salário mínimo para os 500 euros. Todos eles fugiram à questão, atiraram areia para os olhos da malta, enfim, fizeram o que esta malta xuxa está habituada a fazer, tratar todos como idiotas. Para o desfecho que se conhece hoje. O salário mínimo nacional aumenta uns generosíssimos 10 euros, um luxo. E fica 15 euros abaixo do que estava acertado por toda a gente: sindicatos, patrões, governo.
Tudo normal, portanto.

Depois, a postura tradicionalmente corajosa da UGT. Depois de um devaneio extremista no apoio à Greve Geral, vem agora assinar tudo, dizer que não faz mal, é na boa. E João Proença, esse gnomo da floresta, tem a desfaçatez de dizer, hoje, que "valeu a pena fazer a Greve Geral". Indeed.

Por último, o boss dos patrões, cujo nome me escapa. Omitiu qualquer explicação sobre o motivo pelo qual é incomportável para uma empresa gastar mais 15 euros mensais nos salários mais baixos dos seus trabalhadores. Ainda bem que omitiu. A única coisa que digo é: se uma empresa arrisca falir se pagar mais 15 euros mensais aos seus trabalhadores que menos recebem, então que abra falência. Chega de chantagem e de palhaçada.
Veio explicar o senhor que, nos últimos anos, o salário mínimo nacional aumentou 18%, e que a produtividade não beneficiou dessa melhoria. Voltamos à velha questão. Em todo o mundo, os portugueses são vistos como bons trabalhadores, e em todos os ramos, dos mais simples aos mais qualificados. Ou seja, não temos uma predisposição genética para a falta de produtividade. Mas cá não há produtividade. Será que é porque cá os "patrões" são portugueses, mais preocupados em comprar o novo Mercedes do que em fazer a sua empresa crescer sustentadamente?Tudo isto, da parte dos patrões e do governo, é apenas a prova que faltava - se é que faltava - de qual o modelo que se pretende para Portugal e para os portugueses. O modelo dos salários baixos, da chantagem sobre os trabalhadores, das falinhas mansas e dos pseudo-compromissos nacionais que aproveitam sempre aos mesmos.

Ainda haverá quem não queira ver?...
3 comentários:
Portugal faz por merecê-los.
Que ninguém se diga enganado.
A Helena André está a pôr o ovo?
A Helena André está a pôr o ovo
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