terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O socialista disléxico

O Governo acaba de anunciar o plano de baixar brutalmente a indemnização mínima a pagar pelas empresas quando despedem um trabalhador.

E pronto, agora tornem isto numa medida favorável aos trabalhadores. Mais, tornem isto numa medida de política de Esquerda.

Não é fácil, pois não?

Não, mas o Governo de Sócrates, o cara de pau-mor da república nacional, decidiu tentar.

Diz a gnoma Helena André que "atentado aos trabalhadores é não fazermos nada" e que "estas medidas visam promover a criação de emprego".

Fantástico.

É claro que esta medida foi aplaudida pelos patrões e, basicamente, rejeitada pelos sindicatos (atenção, não confundir com a UGT). Que surpresa.

Diz o Governo que está a fazer isto porque somos o país da Europa com maior indemnização por despedimento, o que aparentemente é uma coisa má. E que estamos a mudar o sistema para o que existe em Espanha.
Curiosamente, não estamos a tentar mudar os salários para os que existem em Espanha...

Mas há outro requinte: isto só se aplica aos novos contratos. Num país com o número de desempregados e sobretudo precários que este país tem, de facto esta medida ajuda muito. Mais, esta medida vai penalizar sobretudo aqueles que não conseguem entrar no mercado de trabalho, aqueles que compõem, como digo sempre, a geração mais qualificada de sempre em Portugal.

Num momento em que a emigração jovem dispara, em que os nossos rapazes e raparigas, depois de décadas a estudar, são expulsos do nosso país para outros que, reconhecendo o mérito, os recebem de braços abertos, neste momento o que temos para lhes dizer?

É isto. É isto que temos para lhes dar.

E a cereja em cima do bolo é a hipocrisia de defender que (mais) esta paulada é boa para nós. Podiam assumir, há que cortar e tal. Mas não, fazem isto porque é espectacular e defende os direitos dos trabalhadores.
É a dislexia dos xuxalistas, que confundem Esquerda e direita com uma desfaçatez que já não surpreende.  

6 comentários:

Dissendium disse...

Só tenho uma coisa a dizer: LOL

Calheiros disse...

eu tenho algumas perguntas:

- é de esquerda ou de direita uma empresa manter maus trabalhadores porque é demasiado caro despedi-los, e assim não poder contratar desempregados ansiosos por uma oportunidade de mostrar o que valem?

- por mais barato que seja, que empresa despede trabalhadores competentes que lhe façam falta?

Little Bastard disse...

Caro Calheiros, espero que não se trate do mesmo senhor que foi de férias para o Brasil numa viagem paga por um clube corrupto do Norte do país.
Eu não discuto a medida em termos de competitividade das empresas. Discuto-a em termos de esta medida, a primeira de um pacote mais extenso, ser a prioridade face aos factores que, esses sim, iriam melhorar a competitividade das empresas, como a carga fiscal, por exemplo. E quando coloco as questões em termos de esquerda ou de direita é apenas para salientar que este governo devia lavar a boca quando fala de esquerda. Se quer cortar, que assuma sem medos, e que defenda que isto tem que ser para melhorar as empresas (o que é falso, mas enfim). O que não aceito é que tomem toda a gente por parva e defendam que isto é defender os trabalhadores.

Calheiros disse...

Caro Little Bastard,

Peço então desculpa por ter interpretado mal essa parte.

E também o descanso confirmando que sou outro Calheiros.

Mas continuo convicto de que, globalmente e a longo prazo, além de melhorar a competitividade das empresas (discordamos), esta medida também será boa para os trabalhadores e para a sociedade em geral (discordamos de forma radical, portanto).

Dou um exemplo próximo. Um amigo meu empresário, a braços com uma quebra forte na sua actividade, não renovou o contrato a prazo de um bom funcionário, tendo mantido um péssimo funcionário. Porquê? Porque o péssimo tem 7 anos de casa e fica muito caro de despedir. Quem perde? O bom funcionário, o meu amigo e os clientes da empresa. Quem ganha? O mau funcionário.

É bom para a sociedade? Para a economia?

Indivíduo que não foi convidado para a conversa disse...

Ó Calheiros, quer-me parecer que o seu amigo não teve visão de longo prazo.

Calheiros disse...

foi o que eu lhe disse

mas ele achou que a visão de LP lhe saía cara demais no CP