sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O socialista semi-frio

Como tantas vezes tem acontecido, Manuel Alegre vem com uma boa intenção e acaba a dizer um disparate.
Agora foi a desertificação do interior do país. Considero, como ele, que este é um dos problemas mais perigosos e injustos com que nos deparamos. Ele falou, e bem, desta questão.
Divergimos é, totalmente, na solução.
Disse hoje o senhor que mudou de ideias e está na altura de se repensar a regionalização. Não há nada de errado em mudar de ideias. Aqui, o problema está mesmo na regionalização.
Não é possível e é até muito perigoso tomarmos qualquer decisão sem estarmos conscientes, sempre, de que estamos em Portugal. Portanto, uma boa ideia só o será depois de pensarmos como será feita em Portugal, e os seus méritos continuarem a superar as suas desvantagens.
Ora num país como Portugal, a regionalização seria, só, um jackpot de 300 mil créditos para se instalar toda uma clique de boys, dinossauros, caciques e seus seguidores, dar-lhes poder e dinheiro, e assim condições para se fortificarem numa torre de corrupção por muitos e bons anos.
É claro que temos de resolver a aberração da desertificação do interior de um país pequeno, em que tudo é perto, o que torna a situação ainda mais estúpida.
Mas para isso não é preciso regionalização.
Basta o partido do senhor Alegre deixar de fechar escolas e hospitais a torto e a direito, e deixar de torrar o dinheiro todo em merdas que não servem para nada, e investir algum dele no interior (e não é estradas, caralho, já há estradas que cheguem!).

1 comentário:

funafunanga disse...

Exactamente o que penso da regionalização.
Quanto a repovoar o interior - porque é disso que se trata - não foi a primeira vez que em Portugal nos deparámos com esse problema. Os reis da primeira dinastia também tiveram que repovoar vastas zonas desertificadas pelas guerras contra os mouros. E fizeram-no da forma mais inteligente - privilégios fiscais e outros para quem se instalasse lá. No fundo, era isso que eram os forais. Os liberais, com a mania do igualitarismo, deram cabo desse equilíbrio que existia. Talvez fosse boa altura para reparar alguns erros das ideologias importadas, sem qualquer consideração pelos efeitos práticos no país real, com prejuízo para o desenvolvimento harmonioso do país.