A campanha tem sido fraquinha, mas tão fraquinha como a campanha só a prestação da grande maioria da nossa comunicação social. Depois de semana e meia a martelar frenetica e desconexamente a palavra BPN, com perguntas ridículas e absurdas e sem ir ao ponto, temos outro exemplo da imaturidade, de idade e intelectual, dos nossos jornalistas políticos.
Manuel Alegre disse, ontem à noite que, perante a situação dos juros da nossa dívida, aceitaria que Cavaco Silva interrompesse a campanha para fazer contactos institucionais com outros chefes de Estado, se este assim achasse conveniente. Disse duas coisas: que compreenderia se Cavaco o fizesse e que, caso isto acontecesse, também ele suspenderia as suas acções de campanha.
Eu até nem achei a ideia má de todo, achei uma boa jogada de Alegre, meter a bola no campo de Cavaco e dar um estilo de homem de Estado.
Mas quais foram os títulos dos jornais e noticiários seguintes?
"Alegre pede suspensão de campanha", "Alegre quer campanha suspensa", etc, etc.
Ou seja, conseguiram fazer da frase de Alegre - que compreendia e apoiaria se Cavaco o decidisse fazer - uma aparente demonstração de fraqueza, tipo "ele está tão desesperado que até quer que o Cavaco suspenda a campanha".
Não foi inocente. Não digo que foi para prejudicar deliberadamente Alegre, acho que foi apenas para ter um título mais forte, mais sexy.
Mas as palavras são poderosas, importantes e sensíveis, e os jornalistas deviam saber isto melhor do que ninguém. Se não sabem, são incompetentes. Se sabem e fizeram isto, são desonestos.
Foi (mais) um mau serviço.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
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