terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Adeus rapazes, e muito obrigado

No último dia da janela de transferências, o campeonato português ficou mais pobre, com a saída de dois jogadores carismáticos e que eram referências da prova. Falo, naturalmente, de Liedson e de David Luiz. Dois grandes jogadores, ídolos dos adeptos de Sporting e Benfica. Enquanto adeptos e espectadores, muito do que bom se viu nos relvados dos últimos anos veio dos pés e da cabeça destes dois brasileiros, que pela carreira junto de nós já se sentiam, e bem, meio portugueses.

Começando por Liedson:

quando chegou, olhei para este franguinho e pensei que era mais um barrete que o Sporting tinha enfiado, como era hábito em avançados, e continuou a ser desde então. Não podia estar mais enganado. Classe, concentração, competitividade, instinto letal, ratice e frieza. São estas as principais características deste fantástico jogador, sem dúvida um dos melhores avançados de sempre no campeonato português. Chegou mesmo a ser jogador da Selecção Nacional. Eu, que sempre fui contra as naturalizações, também não gostei de o ver com as quinas ao peito. Mas isso não apaga o facto de nos ter representado, e merecer o nosso agradecimento. O meu Benfica foi uma das vítimas preferidas do Levezinho, e este rapaz deu-me muitas, muitas tristezas. Neste momento, em que a fase final da sua carreira coincidiu com a implosão do Sporting, é compreensível que queira voltar para o Brasil. Que tenha sorte, e continue, onde quer que seja, a resolver.



Finalmente o "minino" David Luiz:
é com muita pena que o vejo partir. Chegou como mais uma vaga promessa, mas desde que começou a jogar, a sua classe não enganava. No seu primeiro jogo, a frio, até entrou mal, mas acabou o desafio com grande personalidade. Rapidamente percebi que tínhamos ali um grande jogador, e tudo o que podia fazer era desejar que o soubéssemos aproveitar, fazer crescer, e deixar mostrar tudo o que de bom sempre teve. Agora, que fizemos dele um jogador de classe mundial e o colocámos na titularidade do "Escrete", é com pena mas também com orgulho que o vemos partir.
Para além da sua qualidade futebolística, ganhou um lugar especial no coração dos adeptos pela sua personalidade e maneira de ser. Sentindo a camisola, nunca negando uma atenção aos sócios, percebendo a grandeza do Benfica, e a grandeza singela do povo do Benfica. Foi sempre dos primeiros a participar em acções de formação cívica e inciativas de solidariedade, como um símbolo do Benfica deve fazer.
Por tudo isto, David, o meu muito obrigado. Que a vida te permita continuar a deslumbrar por esse mundo fora, porque tu mereces.

PS - a saída de Liedson, neste contexto, é apenas mais um sinal da "Belenização" do Sporting. Num momento em que ninguém manda naquele clube, uma saída destas deve deixar os adeptos preocupados. O Sporting continua a pagar a factura de se ter subalternizado a um pseudo-rival que tudo o que faz é aproveitar-se para continuar, através de todas as manobras que se conhecem, a mandar no futebol português. Que o próximo presidente do Sporting faça do clube uma instituição que se afirme por si, sem submissões a ninguém e sem complexos de inferioridade. A tentativa de comprar Kleber e Djalma, do Marítimo, é um sinal de que alguém, no Sporting, percebeu que não tem de prestar vassalagem a ninguém. Naturalmente, o Sporting voltou a ser comido, e pelos mesmos do costume. São demasiados anos a baixar as calças, e isso não se muda de um momento para o outro.
Mas é um sinal, que se espera consequente.

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