quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Camorra

O Publico voltou a mostrar que é um grande jornal, ao publicar hoje uma história muito importante.

Em poucas palavras:
A TMN não entregou às autoridades parte dos registos telefónicos pedidos, no âmbito do processo Face Oculta. Registos de ligações e locais de chamadas de e entre Mário Lino, Armando Vara, Paulo Penedos e Rui Pedro Soares. Não entregou, alegando problemas técnicos.
O que é muito curioso, tendo em atenção que a TMN pertence à PT, empresa na altura tutelada por Mário Lino e na qual Rui Pedro Soares é (sim, ainda é) um destacado administrador.
É a impunidade total.

Mas tão ou mais interessante que isto foi o facto de o Diário de Notícias ter esta história há quase um mês, e não a ter publicado. Esteve para ser publicada, mas à última hora o director João Marcelino recusou a sua divulgação. Para quem não se lembra, o João Marcelino é um tipo que apareceu há uns anos como comentador de bola em nome do Record, onde trabalhava. Agora continua a não saber falar e a dizer banalidades, mas é director de um dos maiores jornais portugueses. Juntem os pontos.
Continuando.
Perante a recusa do director em publicar uma boa e importante história, o editor de Política do DN apresentou, e bem, a demissão desse cargo. Eu sei da história há muito tempo, e estava já com medo que nunca fosse divulgada. Conheço muito bem esse editor, e o seu brio e capacidade profissional são, para mim, à prova de bala.
Demitiu-se porque o director do seu jornal censurou uma história que incomodava, em primeiro lugar, um anunciante importante e, em segundo, incomodava os amigos seus e do seu patrão, o 'infamous' Joaquim Oliveira.
Talvez valha a pena recordar que, nas escutas do Face Oculta, surgiram várias conversas, envolvendo Joaquim Oliveira e Armando Vara, bem como outros. Entre o grupo, era sempre dado adquirido que Oliveira era "dos nossos", tratava dos serviços que era preciso fazer, e vários membros dirigentes do seu grupo, a Controlinveste, eram dados como próximos de Sócrates e prontos a ajudar. Um desses nomes, que aparece 'over and over again' era Paulo Baldaia, outro medíocre que, actualmente, é director da TSF (do grupo Controlinveste).

Penso que não é preciso dizer mais nada.

Num país em que juízes se esforçam tanto por destruir provas de corrupção de um Primeiro-Ministro, talvez isto seja normal.
Mas cada vez me é mais difícil respirar neste ar de tão fedorenta "normalidade".

1 comentário:

Adolfo Luxuria Canibal disse...

Há muito que o ar desta...