segunda-feira, 14 de março de 2011

Bad remake

Ora aí está o PEC IV, ou V, ou lá que raio é.
Os PEC, tal como os filmes, trazem sequelas cada vez piores (veja-se o Karate Kid, cujo terceiro volume tinha uma gaja, que era a Hillary Swank, esse gajo com mamas).
Desta feita, todas as reformas são congeladas, e as que ficam acima da fortuna de 1500 euros são reduzidas. Este é um momento simbolicamente muito importante. Porque é a primeira vez que o Governo retira, directamente, o rendimento mensal de pessoas não ligadas ao Estado. Depois do corte de salários de funcionários públicos, agora o Governo vai ao bolso a toda a gente. Ganda Sócrates.

O problema de Sócrates é ser: a) um trafulha; b) um mentiroso patológico.

Passou dois meses a tocar a fanfarra, a dizer que a execução orçamental estava excelente, que o défice estava a ser derrotado, que tudo corria melhor do que o esperado. Depois, numa bela sexta-feira de manhã, anuncia mais medidas de austeridade, com aumentos no IVA, cortes nas reformas e nos apoios sociais (again). Só há uma interpretação possível para isto: Sócrates andou dois meses a mentir publicamente. Se a execução orçamental estava assim tão bem, para que precisamos destas novas medidas? Exactly.

E colocando de parte o facto de estas medidas não servirem para nada (basta ver os juros da dívida pública) e mais uma vez colocarem os tugas no torno, há a questão de como tudo foi feito.

Sócrates anda há semanas a discutir com os parceiros sociais, patronato e sindicatos. Tudo o que queria era um programa genérico de flexibilização, assinado pelos parceiros, para levar a Bruxelas e dizer-lhes: temos um amplo consenso social para implementar estas medidas. Felizmente, CGTP e CAP perceberam que o que estava em causa era, apenas e como disse a CGTP, "ficar bem na fotografia". Abandonaram as negociações, e fizeram muito bem. Já os outros tótós do costume, a CIP e a UGT, deixaram-se fotografar a dar grandes bacalhaus ao Sócrates. Acontece que, ao longo de dois meses de negociações semanais, nunca foram sequer informados destas novas medidas. Negociações de boa-fé total, portanto.

Depois soube-se que Sócrates estava há semanas a negociar estas medidas com o BCE e a Comissão Europeia. Directamente, e ninguém soube de nada.
Todos os PEC anteriores tiveram a concordância do PSD. Este foi o parceiro preferencial, e único, para ajudar a aligeirar o ónus político, para o PS, das medidas de austeridade. Mas, desta vez, nem uma palavra a quem tão bem o acompanhou. Nem ao PSD nem a ninguém, apesar de algumas das medidas terem de ser aprovadas no Parlamento.

Depois, nem Cavaco soube, no que foi a maior quebra de cooperação institucional dos últimos anos. Cavaco que, antes de todos os PEC, foi o grande aliado de Sócrates, dramatizando publicamente os efeitos de uma falta de acordo e pressionando, em privado o PSD. Nessa altura foi útil. Agora foi pura e simplesmente ignorado.

O problema de Sócrates, para além de mentir sempre que abre a boca, é não saber governar em diálogo. Não saber respeitar as regras democráticas. É ser um bully político.
Sócrates ainda não percebeu que já não tem maioria absoluta na assembleia (graças a deus e a todos os santinhos!). Mas não sabe governar de outra maneira. Dialogar é impensável, tal como negociar e, sobretudo, ceder.
É um pequeno tirano com ilusões de grandeza.
É tirá-lo de lá antes que consiga terminar a sua missão: arrastar-nos todos para o fundo.

1 comentário:

Carlos Carvalho disse...

Pelo menos os tacos de golf vão ficar mais baratos para a próxima manifestação.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=473027