domingo, 27 de março de 2011

Diferentes

O dia começou auspicioso. Grande afluência num acto eleitoral que prometia ser o mais concorrido de sempre. Prova de vitalidade, sim, e prova também da importância destas eleições para a presidência do Sporting.
É claro que, de uma grande demonstração de democracia, se passou, ao longo de muitas horas, para o extremo oposto. Para uma turba violenta que, como começa a ser habitual no Sporting, se considera dona do clube. Violência, contra jornalistas e contra outros sócios, e uma noite lamentável, negra mesmo, para um clube centenário.

Enquanto benfiquista, eu não tinha grande preferência.
Para mim, o futuro presidente do Sporting tinha de ter três requisitos:
a) melhorar o Sporting;
b) não melhorar o Sporting de tal maneira que pudesse vir a concorrer com o Benfica;
c) ser divertido como tem sido até aqui.

O requisito mais importante, que omiti deliberadamente, era fosse um presidente que abandonasse a cultura dominante de complexos de inferioridade face ao Benfica, que renunciasse ao anti-benfiquismo primário, e que deixasse, de uma vez por todas, de ser cúmplice da organização mafiosa que domina o futebol português há décadas. Mas isso, por todos os motivos sobejamente conhecidos, é impossível.
Adiante.
Tendo como ponto de partida os 3 requisitos, gostava do Bruno Carvalho e de Dias Ferreira. Da primeira, gostava pela ligação russa; da segunda, do fantástico e inenarrável Paulo Futre, mais os seus charters a abarrotar de chineses. Qualquer uma delas prometia "grande potencial de LOLs", que é o que eu espero, realisticamente, do Sporting.

Mas não.

Dão-me um tal de Godinho Lopes, que me parece ser uma mistura do Roquette com um bloco de madeira.
Tem menos potencial de LOLs, mas também não acredito que mude qualquer coisa de relevante no Sporting. O BES deve estar contente, mas não sei se mais alguém está.

Mas a democracia é assim. Ganha quem tem mais votos. Espero sinceramente que o Sporting se possa unir em torno da próxima direcção. Porque não é admissível que, num clube em tão profunda crise, o presidente eleito seja ameaçado e quase agredido na noite da sua eleição.
No Sporting, há uma claque que há anos se acha dona do clube. Mas que, na verdade, tem feito muito mal à instituição.
O grande desafio que se coloca ao Sporting e aos sportinguistas, creio eu, é conseguir massa crítica. Trazer mais gente para o clube. Mais sócios, obviamente, e sobretudo mais adeptos ao estádio. Porque é difícil criticar o peso desmesurado que a claque tem no clube, e depois o estádio estar vazio excepto nos lugares da claque. A claque reclama poder, porque sem a claque, infelizmente, está lá muito pouca gente.
É esse ciclo que é preciso inverter.

Saudações desportivas.

1 comentário:

Márcio Silva disse...

Imagino que não queiras um Sporting forte pelo mesmo motivo que eu não gosto de ver o Benfica destes ultimos dois anos. Mas o que se passou no acto eleitoral do passado dia 20 foi simplesmente o espelho da nossa sociadade: esquemas, aldrabices, sede pelo poder e uma estrutura que há anos a esta parte anda a mamar à conta do Sporting.
Concordo contigo com que o Dias Ferreia e principalmente o Paulo Futre todo coquinado, que têm no seu coração os 16 clubes da liga Portuguesa, dê vontade de rir. Mas o Bruno de Carvalho é e terá que ser o líder do Sporting pelos motivos todos que possas imaginar, mas principalmente pela rotura que têm envenado não só o Sporting, como o País todo: A cultura do enche o bolso e o resto que se foda.
Sou um seguir do teu Blogue, embora seja do Sporting!

Saudações desportivas