quinta-feira, 9 de junho de 2011

Relax, baby, be cool

Era inevitável.
Há uns dois anos escrevi aqui que António Costa seria o sucessor de Sócrates. É claro que isto seria num cenário de transição relativamente pacífica de poder. Nesta conjuntura, só se ele fosse maluco.
Portanto temos dois.
O Tozé Seguro conseguiu, ainda antes de ser candidato e nos primeiros cinco minutos depois de anunciar-se candidato, dar todos os sinais de que não podia sequer ser candidato. O seu único trunfo é dar aquela pala de "ah e tal, eu até era contra o Sócrates". Talvez fosse. Talvez tenha sido dos que menos elogiou o "querido líder" e dos que mais criticou o dito. Mas criticou-o tão pouco que isso não serve para nada. Criticou-o muito menos do que qualquer tipo minimanente consciente devia ter feito. Na prática, foi apenas a versão "jovem" do Pateta Alegre: o idiota útil, para fingir que aquilo era vagamente democrático e livre.
Quanto ao Assis, elogiei-o aqui há uns meses, e fui criticado, compreensivelmente, pelos meus camaradas de tasco. Disse na altura, e mantenho-o, que no meio de toda a máquina socrática era dos poucos que procurava fazer pontes, encontrar compromissos e que conseguia resistir à tentação de, ao contrário de todos os seus comparsas, sentir-se infalível e superior ao resto do mundo. Mas daí até ser líder do PS vai um bom pedaço. Daí a ser um candidato que, de forma credível, possa discutir o governo, vai um caminho estratosférico. O seu único trunfo foi, com um líder narcisista e psicótico como Sócrates, ter feito o melhor trabalho possível enquanto líder parlamentar, sem se sujar demasiado com isso. Mas o que fez o senhor ao apresentar a sua candidatura? Disse que "não escondo o trabalho que fiz em conjunto com o Governo e tenho muito orgulho do trabalho que fizemos nos últimos anos", por entre elogios ao camarada Sócrates.
Isto mostra, obviamente, que não percebeu nada.
Neste momento, Sócrates é peçonha, é a verdadeira lepra, e quem se senta ao seu lado está queimado e merece lixar-se à grande. O mesmo digo de Ferro Rodrigues, esse socialista de pacotilha. Que, se queria alguma vez ter credibilidade - pelo menos entre o eleitorado mais à Esquerda - nunca na vida poderia ter voltado do seu exílio dourado para dar a mão na campanha de Sócrates, o tipo que mais fez no PS tudo ao contrário do que Ferro Rodrigues alguma vez defendeu.
São todos merda, e merecem a travessia do deserto que vão fazer.
António Costa, como é óbvio e como era totalmente previsível, resguardou-se. Há quem diga que ele é o novo António Vitorino, o tipo que um dia vai ser líder, um dia, um dia, até nunca mais ser.
Não concordo.
Vai ser líder e vai ser primeiro-ministro. O que é lixado é que só o vai ser daqui a oito anos (sim, eu acredito que os troikos da Direita vão papar dois mandatos seguidos, sem espinhas).
Neste momento, o PS não é apenas um partido feito em merda. É um partido que não tem lugar nenhum para onde se dirigir. Não pode ir para a Direita, porque a Direita está no poder. Não pode ir para a Esquerda porque, enquanto houver um pingo de memória neste povo, não tem qualquer credibilidade para o fazer (virá sempre a crítica de "então se propõem isso agora, o que raio andaram a fazer durante seis anos no Governo"?). E não pode sequer colar-se à contestação às medidas polémicas e crueis do Governo de Direita, porque, por acaso, até foi o PS quem as assinou.
Ou seja, quem for para lá agora, é "para queimar".
António Costa consegue manter uma grande visibilidade política, estando na CM de Lisboa (onde não tem feito nada de jeito), aumenta a sua aura de D. Sebastião do PS e deixa os outros irem cozinhando, "em lume brando".
Quando for hora, quando houver sérias probabilidades de conquistar o poder, ele lá estará. Podem apostar nisso. Chegará e ganhará sem dificuldade. Até porque, depois do furacão Sócrates ter arrasado com o PS, não se vislumbra no partido qualquer figura que possa ganhar dimensão suficiente para poder vir a ser importante, daqui a quatro anos.

Entretanto, xuxas e boyzitos, assistam de camarote ao banquete da Direita. Foram vocês que lhes estenderam a passadeira do poder. Agora, como dizia o outro, "aguenta e não chora". Ou, mais propriamente: "Ó Xuxa, relaxa que encaxa".

2 comentários:

Tipo que fugiu do país no início do século e nunca mais leu um jornal ou assim disse...

O Ferro Rodrigues é que era!!!

Xiolas disse...

http://www.youtube.com/watch?v=mdY64TdriJk