Tortuosos são os caminhos da memória
Há coisas que um gajo arruma lá num cantinho, bem escondido, da memória, coisas que, por uma razão ou por outra, não nos preferimos lembrar. Muitas vezes nem sequer passa por uma escolha que se faz, acontece naturalmente como se certos factos fossem tão maus, mas tão maus, que automaticamente desaparecem da lembrança sem deixar vestígio algum. Lá ficam quietinhos, sem se mexerem, sem chamar as atenções... até vir a SIC e estragar tudo. Estava eu a fazer um zapping de fim de semana, quando, por breves momentos, dou por mim estacionado no filme da tarde da SIC, filme esse que consegue arrancar à força um pedaço de memória bem lá do fundo, quase, quase, a cair para o esquecimento. O filme era, nem mais, nem menos, um dos inúmeros que se fizeram com a mais terrível, abjecta, tenebrosa e incompreensível personagem da história do cinema, chamada Ernesto. Eu que não sou, sem dúvida, uma pessoa violenta e de ódios, confesso que me é difícil compreender a aversão que nutro por tal personagem e, consequentemente, pelo o actor que lhe dá vida. Mas é algo a roçar o ódio visceral, a raiva tresloucada, a vontade de destruir... nestes momentos tenho medo de mim próprio. Depois da SIC acordar, inadvertidamente, este meu lado negro, relego todas as responsabilidades dos meus actos para este canal de televisão.
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