A Maria Não Existe
Morrissey é o artista que mais amo. É aquele que mais me emociona, mais me faz rir e mais me faria chorar, fosse eu gajo para essas figuras (to die by your side, well, the pleasure and the privilege is mine, xnif, xnif). Custa-me, por isso, assistir a muitas das recentes exaltações a Morrissey, feitas apenas porque a coisa está a cair muito bem, designadamente no universo dos blogs.
A este respeito, Pedro Mexia constitui belo exemplo. Ainda há poucos dias (22 de Maio), no seu blog, Mexia citou longamente a canção «How Could Anybody Possibly Know How I Feel», na esforçada e típica tentativa de convencer-nos que ele – Mexia - vive uma vida que, na realidade, não vive, não viveu, nunca teve. Tudo para quê? Para uma tal Maria, que perguntou. Diz ele.
Curiosa é a introdução que Mexia faz: Estou sempre de acordo com Morrissey. O que é estranho, uma vez que sou hetero, carnívoro e simpatizante da monarquia. É estranhíssimo, mas estamos habituados.
O que o Mexia quer é amizade, atenção, cumplicidades e afectos - é normalíssimo nos mamíferos - não se eximindo de buscar tudo isto através de uma cega obediência (género congresso PSD) a um ilustre vegetariano que é bem capaz de gastar todo o tempo de entrevistas a cuspir na realeza e no conservadorismo e noutras mais causas com que Mexia se diz, orgulhosamente, identificado.
Mexia engole o sapo e não nota que o animal era gordo e verde, pois o que conta para ele é poder dizer-se sempre de acordo com Morrissey.
Alguém, por favor, tenha a decência de avisar o sr. Pedro Mexia que ele em nada se parece com o sr.Morrissey.
Forçado a comparar Mexia a alguém, na sua infantilidade e autocomiseração (numa versão sempre relativa: sou assim, tímido e gordo, mas especial e superior), eu não iria mais longe que a um personagem cá do burgo… Refiro-me a essa outra eminência literária chamada Pedro Paixão (para quando o Nobel?), jovem de quase setenta anos, que insiste, como Mexia, em nos provar vagamente que a vida se faz de dores (ainda que sobeje sempre poesia para mais um livreco), delírios da adolescência, angústias petulantes, depressões existenciais, amores e Marias que perguntaram sabe-se lá o quê ao Pedro Mexia.
Vão trabalhar!
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