segunda-feira, 28 de junho de 2004

A Golpada

Não discuto que é prestigiante para o país e para o próprio Durão Barroso a sua nomeação para a Comissão Europeia, ainda que não perceba minimanente que raio de critérios poderão estar na base dessa escolha. Mas isso é irrelevante perante a golpada que o PSD nos está a tentar dar, no plano interno.
Manuela Ferreira Leite chamou-lhe um golpe de Estado, eu acho que é mais um golpe palaciano, "indoors", escondido.
Delgado e sus muchachos acenam com a Constituição, gritando a legalidade da manobra. Falemos claro: nesta situação, caguei para a legalidade. A política não é nem pode ser um mero exercício burocrata, em que a coberto da margem que a lei garante se possam praticar todas as fraudes que aos governantes apeteça.
Tínhamos um governo ilegítimo, já que a coligação foi abusivamente escondida dos eleitores antes do sufrágio; agora querem impingir-nos um PM pré-fabricado, que acarretará uma mega-remodelação que, na prática, equivaleria a começar tudo de novo mas sem eleições, ou com umas em que apenas participaria a coligação de direita.
Não tenho a certeza se Santana seria pior que Durão. Não é fácil. Mas sei que Santana não foi a votos, e tenho alguma dificuldade em compatibilizar a sua nomeação partidarista com os comuns conceitos de democracia, de representatividade e de legitimidade.
Santana Lopes? E porque não o Shrek? Ou o Pai Natal? Ou o Cristiano Ronaldo?

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