Noves fora Nader ou A Torradinha do Meio
Enquanto o mundo assiste à evolução das sondagens da luta Bush/Kerry, toda a gente ignora o terceiro homem, Ralph Nader.
Nader é radical, ecologista, de esquerda, preocupado com os direitos dos homossexuais, das minorias étnicas, dos animais, enfim, de toda a gente.
Ou seja, Ralph Nader é muito pouco americano e, como tal, não só vai voltar a perder como vai continuar a ser ignorado.
A única questão é que o senhor não é tão irrelevante como se poderia pensar.
Nas últimas eleições, tirou a vitória ao plastificado Al Gore, dando a vitória (ainda que ilegal e fraudulenta) a Bush filho.
Porquê? Porque nenhum republicano votaria alguma vez em Nader, e porque muitos adeptos democratas o fizeram, sabendo ser ele o único candidato que, em última análise, mudaria alguma coisa de relevante.
E agora?
Nader volta a presentar-se nas urnas. Não em todos os Estados, em alguns as assinaturas da sua campanha não foram consideradas válidas. Isto porque algumas delas tinham como presumíveis autores o Mickey Mouse, o já morto Ronald Reagan e várias dezenas do próprio Ralph Nader. Ou seja, um pouco o que aconteceu ao candidato Vieira, a grande esperança da política portuguesa.
Nas últimas sondagens, Nader nem sequer aparece, não apenas fruto da censura bi-partidária da terra da democracia mas também porque, como se previa, a sua força sucumbiu à pressão do voto útil. Até Michael Moore, grande defensor de Nader no passado, prefere correr com Bush do que manter-se fiel, até ao fim, às suas convicções.
Se eu fosse americano, provavelmente votaria em Nader. Para perder e ver os meus compatriotas degladiarem-se entre o mau e o péssimo.
Nos EUA, como em tantos outros países, a escolha é essa. O poder do centro, da torradinha do meio, do troca-tintas e da meia-palavra. A diferença é que, nos EUA, o centro está à direita.
Nader é a primeira vítima desta eleição, derrotado pela poderosa torradinha do meio.
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