segunda-feira, 11 de outubro de 2004

O pecado Capital
Da saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI já se disse quase tudo, mas faltam ainda algumas peças do puzzle.
Que houve pressões, é evidente. Que é uma tentativa de manipular a opinião pública e uma forma de censura, é indesmentível.
Mas a estratégia do Governo parece ser assobiar para o lado e esperar que a borrasca, que ele mesmo auto-infligiu, passe ao largo. Dos poucos governantes que falaram, gostei muito de um que defendeu que a TVI é uma empresa privada e que, como tal, seria imune a hipotéticas pressões governamentais., o que é não apenas uma falácia, mas sim uma descarada mentira.
Ninguém diz, por exemplo, o que teria a TVI a ganhar em mostrar-se obediente ao Executivo.
Eu digo.
Digo, por exemplo, que a Media Capital, que detém a TVI, tenta há vários anos conseguir uma presença relevante no fornecimento de Internet de banda larga, sendo que é o Governo que estabelece as regras do jogo para o sector.
Digo, por exemplo, que a Media Capital quer ter novos canais na TV Cabo, detida pela PT, controlada pelo Estado.
Digo, por exemplo, que a Media Capital é um dos candidatos ao desenvolvimento da rede de televisão digital terrestre, concurso que o Governo decidirá e que posteriormente tutelará.
Digo estas como poderia dizer outras, facilmente compreensíveis para quem não estiver empenhado em tentar tapar o sol com a peneira.
É uma negociata das mais baixas, típica dos bons velhos tempos de Estaline, mas de luvas de pelica, como convém a um Governo de betos novos-ricos.
Até aqui, um dos pecados visíveis deste Governo era a absoluta incompetência, o que parece não incomodar ninguém, nomeadamente Jorge Sampaio. Mas agora não estamos apenas a falar de incompetência. Estamos a falar de falta de cultura democrática e, para falar bem e depressa, estamos a falar de corrupção.
Em menos de meia dúzia de meses, este Governo de direita mostrou que não só não sabe governar como devia ter muitos dos seus membros na prisão.
Chega de corrupção, chega de cunhas atrás de cunhas e de tias e tios incompetentes que mamam na teta do Estado apenas porque têm amigos nos lugares importantes.
Com maior convicção que nunca, digo: ELEIÇÕES, JÁ!

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