terça-feira, 23 de novembro de 2004

Sampaio, o Vingador
Depois do veto à central de informação do Governo há quem diga que, afinal, o Sampaio está vivo. Não concordo. O rigor mortis que o afectou ao longo de mais de dois anos, em ocasiões em que permitiu, por exemplo, a destruição das leis laborais e o fim da segurança social do Estado, mostram que estava morto havia já muito tempo.
Estou contente com a decisão, obviamente. O Governo de direita já é suficientemente Big Brotheresco como está, sem precisar de mais umas dezenas de spin doctors pagos a peso de ouro para controlar a imprensa.
Mas, comparado com outras questões, como as que referi e muitas outras, isto não é nada. É um fait-diver, o último estertor desse Carlos Paião que arranha o caixão da política portuguesa.
Ainda por cima, Sampaio é incompetente. Um dos principais argumentos para o chumbo foi a crise económica do país, que não permite desperdícios. Terá talvez razão, mas esse argumento, neste caso, nunca poderia ser utilizado, se compararmos os gastos estapafúrdios que este Governo vem fazendo enquanto se reúne alegremente pelo país, como Griswalds alucinados perdidos a caminho de nada. Se isto é desperdício, e eu acho que é, então o que são os 600 contos por mês à assessora de imagem de Santana Lopes?! Para quê?! O gajo não se sabe pentear?! 600 contos por mês, que todos nós pagamos!
O veto, o único veto possível, seria um veto inequivocamente político. E acompanhado de uma explicação que não deixaria dúvidas ou avançasse argumentos complementares que só tiram força à decisão.
Assim, não passa de um velho a ameaçar os jovens da janela. Quem tem de afirmar que manda, normalmente não manda nada. Sampaio há muito que não manda, nem manda uma para a caixa.
Que descanse em paz. Mas longe, sff.

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