sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

E agora, para terminar a semana em tristeza, um pouco de política
E para falar das listas.
O regabofe continua, e os partidos, nesta fase delicada de atribuição de cunhas e favores, mostram a sua horrorosa face.
Falarei apenas dos partidos do eixo do poder, aqueles em que o factor C e a corrupção já se tornaram divisa comum.
Quanto aos outros, BE e CDU nas calmas, PP também, este último confirmando que é o partido do táxi, já que todos os membros cabem num, pelo que não se esperaria qualquer problema (até foram desenterrar o Narana, candidato a rolha Manuel Monteiro de 2005).
No PS, é um deserto.
As mesmas caras guterristas, de ministros recauchutados, um ou dois (pouco) independentes para compor o ramalhete e enganar o pagode, nada de soluções, nada de ideias, apenas mais do mesmo.
É um mesmo melhor que o da Direita, sim, claro, mas ainda assim claramente insuficiente para o que o país precisa.
No PSD, é a farsa do costume, com a hilariante agravante de ter Sacana Lopes à frente, o que torna tudo muito mais divertido e caótico.
Tanto no PSD como no PS, abundam os chamados pára-quedistas, tipos de Faro que são candidatos por Bragança, tipos de Lisboa que vão encabeçar listas para a província apenas porque são conhecidos, trogloditas do futebol que são candidatos apenas para captar os votos flutuantes dos fanáticos tripeiros, temos até o caso do actual ministro da Agricultura, que toda a vida viveu nos Açores e é cabeça de lista por Portalegre.
Fabuloso.
No PS cheira a poder, e todos os lugares são poucos para satisfazer os boys que nos últimos (poucos) anitos até tiveram de trabalhar (pouco) para viver!
No PSD cheira a derrota, um cheiro de algo que o bébé anda há uns meses a deixar nos cueiros.
Cheirando a derrota, o objectivo é diferente do dos boys do PS. Os mais medíocres (80 por cento do partido) continuam a querer um lugarzito de deputado, sempre é melhor do que ir ganhar a vida. Mas os outros, os razoáveis, todos eles deram à sola, porque sabem que vão entrar numa lista para perder as eleições e só servirão para encher uma bancada de oposição que estará afastada do poder e será dilacerada pelas lutas pela sucessão do bébé, que já se preparam.
Ressalvando poucos casos, estamos perante a inevitabilidade de ter um parlamento de qualidade ridiculamente baixa, mais uma vez preenchido apenas pela voragem da caça ao tacho.
É só ver o currículo dos candidatos de PP, PSD e PS: tirando os lugares politiqueiros para que têm vindo a ser designados, é uma mão cheia de nada
Nunca fizeram e nada sabem da vida dos portugueses.
O sistema está doente há muito tempo.
Estamos apenas a assistir ao seu último estertor.

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