quarta-feira, 30 de março de 2005

E gosto das holandesas.......
Eu gosto da Europa. Gosto de viajar na Europa, da comodidade dos euros, de não ser preciso um papel especial para andar de um lado para o outro.
Mas não sei se gosto da Constituição Europeia. Não sou contra nem a favor, apenas não sei de que raio de trata.
Isto a propósito dos referendos que, por essa Europa fora, se vão fazer a partir de agora.
A França, esse eixo central do velho continente, está a braços com um problema muito simples: nas sondagens, o Não lidera, e cada semana que passa ganha terreno. Os analistas explicam que esse Não nem sequer tem muito a ver com a Europa, mas sim com problemas internos, nomeadamente económicos, pelo que as pessoas usam o Não como sinal de protesto contra os políticos.
Estão no seu direito, como é óbvio. Mas agora coloca-se uma questão: que fazer, se a França disser que não?
A Constituição fará sentido sem um dos seus principais impulsionadores? Por que razão devem os portugueses, ou os espanhóis, ou quaisquer outros, vincular-se a um documento que não obrigará em nada um dos principais países da União Europeia?
Pois é. A questão, afinal, é mais complicada. E vai mais longe.
Por que carga de água nos vêm perguntar isto agora, se nunca o fizeram antes em relação a seja o que for que tenha a ver com a Europa?
O Não é uma tentação. É a tentação de dizer "vou lá meter a cruzinha no Não e ver como os gajos se desembrulham agora". Eu próprio me sinto tentado, embora admitindo que não me sinto nada informado.
O problema é que os senhores que mandam fazem estes referendos apenas como uma formalidade. Se fossem mais que isso, não haveria problema algum em que a França dissesse que não, porque haveria um plano B. Mas os senhores que mandam, em Bruxelas e em cada um dos países, nunca pensaram em semelhante coisa, preferindo ao debate sério fazer referendos para dar à coisa uma aparência de desígnio popular, que não é e muito dificilmente virá a ser.
Não gosto que tratem os meus concidadãos, portugueses e europeus, como idiotas, yes-men para o que os políticos bem entendem. Não admito que, depois de décadas a tomarem decisões por mim, finjam que me dão uma oportunidade para decidir seja o que for, porque é mentira.
Fico à espera que me esclareçam, porque entretanto o Não folclórico e hipotético me parece cada vez mais tentador.

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