terça-feira, 8 de março de 2005

Os maus exemplos
Os operários da Opel da fábrica da Azambuja estarão em greve na quinta-feira. É um direito seu, consagrado constitucionalmente, mas a empresa já veio dizer que essa greve pode originar a perda dos postos de trabalho. Isto apesar de, de acordo com a lei fundamental, a greve não poder servir de base a despedimento, por se tratar do legítimo exercício de um direito.
O que se está a passar com a Opel é sintomático do estado a que chegámos.
O grupo diz que tem de fechar fábricas. Como tal, coloca as fábricas europeias (Polónia, Alemanha, Espanha, Portugal, etc) a competirem entre si. Sobreviverão aquelas "que se mostrarem mais flexíveis", ou seja, que aceitarem menos direitos e menos salário, e se possível trabalhando mais. Trabalhadores contra trabalhadores, para o enriquecimento de outros, os donos.
Depois dos inúmeros exemplos que já tivemos em Portugal, será que é este o tipo de investimento estrangeiro que queremos? Será que faz sentido continuar a aceitar tudo e mais alguma coisa, tornarmo-nos "competitivos", para receber investimento que só quer aproveitar baixo custo de mão de obra?Competitivo não é dizer sim a tudo, mas os políticos ainda não perceberam.
Entende-se, sempre tiveram e terão o salário garantido, sem precisar de renegociar horários de trabalho ou sequer de sujar as mãos.

Se no primeiro caso falamos de uma multinacional, falemos agora da Portugal Telecom.
A empresa anunciou recentemente que duplicou o seu lucro em 2004, para 500 milhões de euros. No mesmo dia, anunciou que vai cortar mil postos de trabalho.
Os investidores aplaudem a falta de escrúpulos, a empresa diverte-se, o Estado assobia para o lado.
Os trabalhadores, esses, continuam a ser carne para canhão, nada mais.

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