quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Lauro Atónito Apresenta.........

....”Match Point” de Woody Allen.

Fui vê-lo ontem, depois de na sessão das 21h30 de terça-feira me ter deparado com uma fila gigantesca no cinema do Saldanha. Crise? Pois, tá bem....
Na sessão das 00h30, a única hora aceitável para ver cinema, a sala estava (graças a deus) quase vazia. Infelizmente, atrás de mim ficou um grupo de putos que passou o filme todo a falar e a rir a despropósito. (Nota: não é por ser um filme do Woody Allen que tem que se rir, sobretudo do princípio ao fim, sobretudo a despropósito, sobretudo quando o filme não é uma comédia).
Adiante.
Não vou falar muito do filme para não o estragar a quem ainda não o viu.
Basta-me dizer que o Woody Allen me surpreendeu, pela primeira vez em mais de 10 anos, e isso não é pouco.
Vai haver sempre a discussão sobre se é um filme “dele”, ou apenas um filme feito por ele que poderia ser feito por outro.
Não sei, mas claramente não é um filme típico do Woody Allen. E isso, juntamente com o facto de não ter lido nada sobre o filme antes de o ver, surpreendeu-me completamente.
Eu sou daqueles fãs que do Woody Allen gosta sobretudo das comédias (especialmente as completamente estúpidas dos primeiros tempos, Bananas, Nem guerra nem paz, etc), que fica sempre insatisfeito quando ele não protagoniza os filmes, que adora o Annie Hall e o Manhatan, enfim, que gosta dos filmes dele mesmo que sejam sempre falsos ligeiros.
Este não é nada disso.
Não é ligeiro, não é uma comédia (embora alguns ilmunidados digam que sim), não nos deixa no fim aquele sentimento de contentamento divertido e relaxado.
A história é surpreendente (para mim foi), e isso deixou-me de rastos. O jazz dixie foi substituído pela ópera, Nova Iorque por Londres, e sobretudo esta última questão deixou-me algo insatisfeito. Allen é Nova Iorque, e vice-versa, mas o mercado obriga a estes contorcionismos. Enquanto fã, tenho pena, porque Woody Allen em Londres é como comer cosido à portuguesa no Alasca.
A Scarlett Johanson continua gira comó caraças e continua, na minha modesta opinião, a ser uma actriz francamente limitada.
Tudo está bem feito, a música, a fotografia, as interpretações, o argumento, tudo, mas algo está errado.
É um filme sobre as armadilhas em que nos metemos sem sabermos bem como, sobre a disputa entre o sonho e a realidade, a tusa e o amor, a paixão e o casamento. Nada de novo aqui, portanto, e ainda assim a história vai para onde nunca Woody Allen tinha ido, e isso chocou-me, porque não estava nada à espera.
Não digo mais para não estragar a quem não viu. Vão ver, sobretudo se seguem a obra do senhor, mas não leiam nada antes nem deixem que vos contem seja o que for.
À saída do cinema, perguntaram-me se tinha gostado.
“Ainda não sei. Ainda estou em choque”, respondi.
Ou seja, ao fim de uma data de anos a fazer filmes “fixes”, Allen arrisca.
E isso deve fazer-nos ir às salas (sempre depois da meia noite e sem risadas idiotas, por favor).

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