sexta-feira, 11 de agosto de 2006

As Sete Colinas

Estou a poucos dias de partir finalmente de férias, o que provavelmente chegará a tempo de impedir-me de enlouquecer e cometer uma carnificina laboral. Vou para o norte da Europa, 4 países em 10 dias. Vou para o frio, para onde ninguém me conhece e não conheço ninguém. Ver coisas novas, gente diferente. Beber cervejas de quatro capitais, fumar os cigarros locais, confirmar que temos a melhor aguardente do mundo, ver as louraças de dois metros, a arte, os carros, as ruas.
Mas, por mais que esteja excitado pela viagem, como sempre acontece, desta vez parte-se-me também um pouco o coração por deixar Lisboa. Lisboa, neste tempo tórrido e magnífico que temos tido, é uma coisa linda de se ver. E, por mais interessante que vá ser conhecer Helsínquia ou Vilnius, o que eu gostaria mesmo era viajar para Lisboa enquanto turista estrangeiro, e apanhar de chapa com o banho de personalidade e boa onda que a nossa bela capital consegue ter. Eu vejo-os andar pelo Chiado e pelo Bairro Alto, a destilar do calor abrasador, a tirarem fotos a tudo e a todos, deslumbrando-se com as vielas, as tascas, as casas, as pessoas, as crianças na rua, as ganzas fumadas na descontra, as esplanadas, algumas delas ainda com os coloridos enfeites dos Santos, os miradouros, as imperiais geladinhas, os monumentos e as lojas. Invejo-os terrivelmente, essas caras felizes e excitadas de surpresa e prazer ao descobrir uma cidade assim, e tenho muita pena de nunca ter sentido esse maravilhoso impacto de deslumbramento súbito.
Conheci esta cidade de mansinho, pouco a pouco. Tudo, das noitadas aos museus, do rio aos assaltos, das bubas maradas aos tascos infectos, das lindas casas que caem um pouco todos os dias.
Amo esta puta desta cidade, e tenho orgulho dela e da impressão que deixa a quem nos visita.
Apesar de tudo, temos sorte.
Boas férias a quem as tiver. Muita força para os outros.
Um abraço.

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