quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Agosto

Em tardes como esta o mar é uma bênção,
o gesto azul de um deus,
a memória de um tempo sem tempo.

Em tardes como esta cada instante
sabe a eternidade e o horizonte,
este horizonte é um sinal do que ainda pode ser isso a que chamamos beleza:

Uma onda que nasce enquanto outra morre
desfeita em espuma
levando atrás de si o nosso medo,
a nossa esperança demasiado humana,
o pacto que selámos

e quebrámos com os sonhos mais antigos,
os que um dia foram nossos,
mas são agora o mar,
sem nome nem destino,
coisas que vão e fingem regressar
mas já não nos pertencem


Fernando Pinto Amaral

Sem comentários: