Salazar e os freaks dos cães
E, de repente, a linda terrinha de Santa Comba Dão volta a estar sob os olhares do Universo.
A instalação de um museu sobre Salazar e o Estado Novo, na terra natal do ditador, levou à junção, em ambiente tenso, de centenas de "anti-fascistas" e de outras centenas de "Salazar lovers".
Do lado dos "anti-fascistas", uma cambada de velhadas que sofreu na pele o jugo do ditador e do seu sistema, bem como alguns freaks dos cães e jotas afins; do outro, os chamados "populares", que estavam sobretudo preocupados com o facto de "essa malta não ser daqui". Houve ainda uma senhora, aparentemente com menos de 40 anos, que fez questão de se exibir para as câmaras de televisão com gritos de "Viva Salazar". Pior que isso só o xailinho que trazia ao pescoço, que já não se usava no tempo de Salazar.
Brilhante.
Alguns apontamentos, como diz o professor Marcelo.
Em primeiro lugar, os protestos contra a instalação de um museu. Só lá vai quem quer e, para além disso, uma figura de tal forma marcante na sociedade portuguesa justifica um museu, na minha modesta opinião. Tentar impedir a sua instalação é, também isso, uma forma de fascismo.
Depois, desta vez nem sequer apareceram os três neo-nazis de Portugal. Só os velhos de Santa Comba, orgulhosos do seu preconceitosinho contra o que não é da sua terrinha, sobretudo se for de Lisboa.
Tudo isto mostra que Portugal precisa ainda de muitas sessões no divã para resolver questões como Salazar e a guerra colonial, por exemplo.
E mostra, sobretudo, que este cantinho à beira mar plantado continua bastante ridículo.
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