domingo, 21 de setembro de 2008

Magazine Jacking

Meus amigos, fui roubado. Fui roubado por uma coisa que tem aparência de revista, tem letras e fotografias, uma capa e tal, mas que é um monte de bosta que dá pelo nome de "Magazine Grande Informação", ou MGI para os amigos ou os preguiçosos como eu.
Estava eu descansadinho na bomba de gasolina, para comprar cigarros, e decidi, feito estúpido, dar uma vista de olhos às publicações disponíveis para os automobilistas sequiosos de informação. Big, big mistake.
Lá apanhei a "Courrier Internacional", que continua uma bela revista, e depois deixei-me tentar pela tal da MGI. Eu devia ter percebido o cheiro nauseabundo que ela exalava, mas pensei que tal viesse do "Jogo", que estava ali ao lado. Na capa da MGI, um trabalho acerca do "Fim do Petróelo", com um grafismo sério, dando um ar de alguma credibilidade à coisa, e um tema interessante. E pronto, tomada a decisão, lá voaram 3 heróis para comprar aquela merda.
Enfim, chegado a casa, meto-lhe as mãos, e ainda agora não lhes consigo tirar o fedor.
Logo a abrir, o editorial de um tal de Otto Czernin, nome de uma estranha mistura entre o alemão e o israelita. Depois leio o que o tipo diz e, após umas quantas banalidades acerca de energia (há que disfarçar, sempre é o tema de capa), vem uma lengalenga acerca do Papa e das 4 heresias dos nossos tempos, que passo agora a resumir: 1- a excessiva humanização da figura de Cristo, retirando-lhe o carácter divino; 2 - "A Igreja é a face visível do amor infinito, mas nem sempre correspondido, de Deus pelos homens"; 3 - "Confundimos Fé com fezada" (lol...); 4 - a Bíblia não é um bibelot, é a fonte de toda a força e sabedoria.

Logo a seguir, para não deixar esfriar a coisa, uma página de opinião de quem?, de quem?, do nosso Dom Duarte de Bragança, o rei wanabe! Não sei do que fala, não me peçam esse sacrifício. Depois vem uma entrevista de oito (8) páginas com o padre António Vaz Pinto, e opinião de uma tal de Alexandra Tété (nome verídico), presidente de uma coisa chamada Associação Mulheres em Acção.
Seguem-se muitas coisas do estilo (creio que deve haver uma secção de bordados, para as senhoras, e de caça à lebre, para os senhores, mas não consegui investigar isso a fundo) e eis-nos chegados ao final, onde vem uma declaração de intenções (ainda é preciso?!), o estatuto editorial da publicação.
Vou transcrever apenas uma parte, mas alerto para os perigos que estas linhas podem ter para os mais sensíveis e para quem tenha acabado de comer.
Aí vai.

"Os temas desenvolvidos deverão estar de acordo com a filosofia editorial, que defende um país optimista, orgulhoso do seu passado e confiante no seu futuro, uma velha nação da Europa que nasceu no Minho e só parou em Timor, e que pretende dar o seu contributo para a construção de uma Europa cristã, fraterna e competitiva".

Como uma coisa destas se aguenta à tona de água é um mistério para mim. A única explicação é ser financiada por uns quantos fachos endinheirados e pela guita que consegue sacar a idiotas como eu, que se deixam levar pela capa e pela ideia de que podem aprender qualquer coisita com uma colónia de varejeiras como aquela.
Como é óbvio, não pode durar.

Boa falência, MGI!

3 comentários:

Anónimo disse...

Ah! Ah! Sucker!

coiso. disse...

e nao deves ter lido a ediçao anterior em q na capa era o vómito com marcelo rebelo de sousa e o celebre editorial do conde Otto!

Anónimo disse...

O que é facto é que dura há anos...enquanto outras foram compradas por oliveirinhas e derivados e é uma desgraça a cada dia que passa. No fundo não são muito difrentes embora pensam para outros lado. É isto que entristece na imprensa (se é que se pode chamar a este estado de coisas imprensa)actual portuguesa. Quando haverá alguém com tintins e dinheiro disponível para fazer um título sério, que incomode se fôr preciso e que faça quem trabalha no meio voltar a ter orgulho da sua profissão?