quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Uma questão de quota

O PS fez-se de forte, fingiu-se de esquerda, e fez finca-pé na lei do divórcio. Manobrando à volta das reservas de Cavaco "Salazar" Silva, fez aprovar a lei, que facilita os divórcios, e bem.
No entanto, para dia 10 está marcada a discussão de outra proposta interessante: a possibilidade de haver um casamento gay, promovida pelo Bloco de Esquerda e pelos Verdes (sim, também são um grupo parlamentar).
Um ponto prévio: não percebo esta cena do casamento homossexual. Alguém que é tão livre para escolher uma opção sexual diferente da da maioria, ou alguém que é forte o suficiente para assumir essa opção num país ainda tão retrógado como Portugal, por que carga de água quererá seguir a tradiçãozinha fatela de casar? E não me venham com o 'bullshit' dos benefícios fiscais, ou o raio, isso é apenas burocrata. Será que dentro de cada gay vive uma sopeirinha casadoira? Meditemos nisso.
Mas enfim, eu acho, obviamente, que devia ser legalizado, só não percebo por que razão alguém quereria exercer esse direito, mas isto tem mais a ver com o meu desprezo pela instituição do casamento.
O que é interessante é que o PS já veio dizer que nisto já não é tão de esquerda assim. Mais, vai votar contra as propostas e vai impor disciplina de voto, algo que quebra a tradição em matérias de consciência, como a que está em causa. E qual é a justificação? Está contra? Não gosta de bichas? Quer lixar o Portas? Não.
Um dos vice-presidentes da bancada socialista, Mota Andrade, explicou a coisa muito bem explicada, em declarações ao DN: "Essa proposta não está no nosso programa." Acrescentando: "Já cumprimos todos os nossos compromissos nas chamadas propostas fracturantes. Não vejo que haja espaço para dar um novo espaço à frente."
Well, well, well.
Ora aí está. Não interessa se é contra ou a favor. Não diz sequer se é contra ou a favor. Não está no programa, pronto. O aumento dos impostos também não estava, lá está, mas isso agora não interessa nada. O PS já cumpriu "todos os nossos compromissos nas chamadas propostas fracurantes". Ou seja, já cumpriu a quota. No próximo ano há eleições, e não vale a pena estar agora a dar à direita um cavalho de batalha ideológico e arriscar chatear 70% das pessoas acima do Mondego.
A isto se chama politiquice pura e dura.
Os princípios? Só se estiverem no programa...

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