O Medo
Dia 3 do cerco.
Sinto-me em Tróia, à espera que os espartanos, ou lá quem raio eles eram, façam alguma coisa. É claro que eles em Tróia não tinham televisão, ou internet, ou cd's a dar com um pau. E meter um cavalo nesta história faria muito pouco sentido. Pensando bem, Tróia é uma analogia bastante estúpida.
Fuck it.
Amanhã volto ao trabalho. É a única coisa positiva acerca deste cerco. Quando um gajo está mesmo fodido, torna-se mais selectivo acerca das merdas que deixa que o atinjam.
Está um tempo marado. Um calor do caraças e não parou de chover. As gaivotas ficaram loucas e chocaram de cabeça no asfalto da auto-estrada.
Avariou o computador que tinha ido buscar para substituir o que tinha avariado. E o estore do meu quarto revelou um buraco do tamanho do Grand Canyon, que deixa entrar a luz. Viva a decadência das coisas. De todas as coisas.
Tenho o meu gato na cama, uma companhia nada menos que salvadora.
Amanhã voltamos ao buraco.
E o cerco promete continuar.
Buy the ticket, take the ride.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
E como se nada fosse
Passaram-se poucos dias das eleições, em que Sócrates e companhia levaram uma tareira descomunal, mas o país está noutra. Entre o Quique, as sardinhas, as mini-férias ou o BPP, já ninguém fala no assunto. É por estas e por outras que nunca deve menosprezar o nosso primeiro, que manipula a agenda mediática como ninguém, mesmo que às vezes seja só uma questão de coincidências. Ao pé dele, a Ferreira Leite é, de facto, uma menina de coro.
Quanto aos resultados.
Derrota estrondosa do PS, que conseguiu escolher o pior candidato possível, que acumulou uma série de gaffes desnecessárias. A culpa não é do Vital, tal como a derrota não é só dele. É um bocado como o FC Porto, qualquer treinador chega lá e ganha, desde que não seja demasiado mau, e o Vital conseguiu ser pior do que o Jesualdo.
De salientar que o PS ganhou em apenas dois distritos em todo o país, exactamente o mesmo que aconteceu...com a CDU. O resto foi laranjada. Eu continuo a achar que os tugas são, por default, laranjinhas, só que de vez em quando zangam-se. Quando as coisas voltam ao normal, toma lá Cavaquistão all over again.
O discurso de Sócrates, na noite das eleições, foi absolutamente medíocre. Palminhas para a JS, palminhas para o Vital, uma intervenção completamente a olhar para dentro do partido. Se havia um líder de quem se poderia esperar um discurso de homem de Estado, naquela noite, seria Sócrates. Mas isso não aconteceu. Dele, apenas um discurso com ar amargurado de quem se sente traído pelo povo que não entende o quão genial ele é. Para o futuro, apenas uma ideia: vamos manter o rumo.
Sócrates é o anti-Guterres. Nada aprende porque nunca erra. No dia em que admitir uma falha, uma dúvida, sequer, é o fim do Mito de Sócrates, o Infalível.
O PSD teve uma vitória, foi agressivo no discurso, mas está a falar demasiado grosso para quem só ganhou a Taça da Liga. E aquela de dizer que o Governo ficou sem legitimidade para tomar decisões estruturantes para o país é um bom bluff, mas não passa de um bluff. Até ao dia em que termine o mandato, a legitimidade do Governo é absolutamente a mesma.
O Bloco teve um grande resultado, conseguindo eleger aquele tipo irritante dos óculos, mas nunca na vida conseguirá segurar esta posição nas legislativas.
O PC, de quem se disse que teve um péssimo resultado, não esteve tão mal assim. Manteve o número de deputados, ficou acima dos 10% e a cerca de 2 mil votos do Bloco.
O CDS mostrou que, mais uma vez, as sondagens não o sabem medir. Confundindo completamente europeias, legilstivas e caso BPN, deu mais uma prova de resistência.
Uma palavra para a Laurinda Alves. A cara do MEP convenceu mais de 50 mil tótós a dar-lhe o seu voto. Atenção, é perfeitamente legítimo votar na senhora. Tendo em atenção a grande maioria das alternativas, é altamente legítimo. Se mantiver este resultado nas legilstivas, a Laurinda pode ser eleita para o parlamento. O que irá propor lá? Terapia dos abracinhos? A senhora irrita-me, mas é refrescante que surjam novas coisas.
A abstenção foi elevada mas não tanto como certos catastrofistas previram. Sem a desculpa da praia, claramente é o desinteresse total. Quando fui votar, só vi velhos, o que mostra que os putos claramente não querem saber. De salientar muitos, muitos votos brancos e nulos. É a forma de certa de protestar, não simplesmente ficar em casa.
Os próximos tempos vão ser interessantes.
Confesso que nunca tinha ficado tão contente com uma vitória do PSD. A ver como o Sócrates se adapta a esta nova realidade. Suspeito seriamente que continuará igual. e isso é bom, porque nem vai cheirar a maioria absoluta.
Passaram-se poucos dias das eleições, em que Sócrates e companhia levaram uma tareira descomunal, mas o país está noutra. Entre o Quique, as sardinhas, as mini-férias ou o BPP, já ninguém fala no assunto. É por estas e por outras que nunca deve menosprezar o nosso primeiro, que manipula a agenda mediática como ninguém, mesmo que às vezes seja só uma questão de coincidências. Ao pé dele, a Ferreira Leite é, de facto, uma menina de coro.
Quanto aos resultados.
Derrota estrondosa do PS, que conseguiu escolher o pior candidato possível, que acumulou uma série de gaffes desnecessárias. A culpa não é do Vital, tal como a derrota não é só dele. É um bocado como o FC Porto, qualquer treinador chega lá e ganha, desde que não seja demasiado mau, e o Vital conseguiu ser pior do que o Jesualdo.
De salientar que o PS ganhou em apenas dois distritos em todo o país, exactamente o mesmo que aconteceu...com a CDU. O resto foi laranjada. Eu continuo a achar que os tugas são, por default, laranjinhas, só que de vez em quando zangam-se. Quando as coisas voltam ao normal, toma lá Cavaquistão all over again.
O discurso de Sócrates, na noite das eleições, foi absolutamente medíocre. Palminhas para a JS, palminhas para o Vital, uma intervenção completamente a olhar para dentro do partido. Se havia um líder de quem se poderia esperar um discurso de homem de Estado, naquela noite, seria Sócrates. Mas isso não aconteceu. Dele, apenas um discurso com ar amargurado de quem se sente traído pelo povo que não entende o quão genial ele é. Para o futuro, apenas uma ideia: vamos manter o rumo.
Sócrates é o anti-Guterres. Nada aprende porque nunca erra. No dia em que admitir uma falha, uma dúvida, sequer, é o fim do Mito de Sócrates, o Infalível.
O PSD teve uma vitória, foi agressivo no discurso, mas está a falar demasiado grosso para quem só ganhou a Taça da Liga. E aquela de dizer que o Governo ficou sem legitimidade para tomar decisões estruturantes para o país é um bom bluff, mas não passa de um bluff. Até ao dia em que termine o mandato, a legitimidade do Governo é absolutamente a mesma.
O Bloco teve um grande resultado, conseguindo eleger aquele tipo irritante dos óculos, mas nunca na vida conseguirá segurar esta posição nas legislativas.
O PC, de quem se disse que teve um péssimo resultado, não esteve tão mal assim. Manteve o número de deputados, ficou acima dos 10% e a cerca de 2 mil votos do Bloco.
O CDS mostrou que, mais uma vez, as sondagens não o sabem medir. Confundindo completamente europeias, legilstivas e caso BPN, deu mais uma prova de resistência.
Uma palavra para a Laurinda Alves. A cara do MEP convenceu mais de 50 mil tótós a dar-lhe o seu voto. Atenção, é perfeitamente legítimo votar na senhora. Tendo em atenção a grande maioria das alternativas, é altamente legítimo. Se mantiver este resultado nas legilstivas, a Laurinda pode ser eleita para o parlamento. O que irá propor lá? Terapia dos abracinhos? A senhora irrita-me, mas é refrescante que surjam novas coisas.
A abstenção foi elevada mas não tanto como certos catastrofistas previram. Sem a desculpa da praia, claramente é o desinteresse total. Quando fui votar, só vi velhos, o que mostra que os putos claramente não querem saber. De salientar muitos, muitos votos brancos e nulos. É a forma de certa de protestar, não simplesmente ficar em casa.
Os próximos tempos vão ser interessantes.
Confesso que nunca tinha ficado tão contente com uma vitória do PSD. A ver como o Sócrates se adapta a esta nova realidade. Suspeito seriamente que continuará igual. e isso é bom, porque nem vai cheirar a maioria absoluta.
sábado, 6 de junho de 2009
A campanha
Pois, diz que a campanha acabou e hoje é dia de reflexão. Bom, mas francamente, alguém ainda precisa de reflectir?
Desde o princípio desta merda, tinha como absolutamente certo em quem, de certeza, não votaria, e cheira-me que, nestas eleições, isso é um bocado o mais importante.
Há um facto fundamental nestas eleições, e duas personagens.
O facto é, sem dúvida, se ter discutido tudo menos a Europa. Aliás, a única vez que se falou da Europa foi sem querer. Foi quando o Avô Cantigas falou do imposto europeu, perdendo 50 mil votos com uma simples frase, e depois desdizendo-se afincadamente.
Em termos de personagens, destaco o Paulo Rangel e o próprio do Vital. Foram a alegria deste circo.
Rangel revelou-se um bom político. Um tipo agressivo, inteligente, rápido a atacar e a explorar os erros dos adversários (ok, com o Vital até era fácil). Uma agradável surpresa, e a primeira coisa de jeito a sair da "cantera" laranja em muitos anos (o Passos Coelho não conta, no fundo não passa de um Santana Lopes mas a armar ao sério). Neste campanha, admito que Paulo Rangel fez muito mais pelo PSD do que eu julgava possível.
E depois há o Vital Moreira, a verdadeira alma da festa.
Foi uma lufada de ar fresco, pelo absoluto burlesco da sua actuação. Desde o imposto europeu ao caso BPN, passando pelo anúncio da abertura das minas erradas e, claro, sem esquecer o seu fim de semana radical, em que começou no primeiro de Maio a ser expulso e acabou a descer o rio Minho em rafting, de calças de licra e tijela de corn flakes na tola. Vital é um desastre ambulante. é também um vaidoso incurável, porque só assim consigo entender como se meteu nestes assados. Continuo a tentar perceber que raio de slogan ele tem, quando grita, do alto do palanque "A Europa é...", e espera que o público lhe responda. Mas o público responde baixinho e não se ouve a resposta, e a coisa fica apenas bastante ridícula.
Foi também mais um exemplo da forma de fazer política do PS. Tentou fazer destas eleições um teste à oposição, quando é exactamente o contrário. Passou todo o tempo a atacar a oposição, mais nada. Ideias, nada. Por outro lado, continua o regabofe de termos ministros deste país em campanha, a participar em comícios. Sobretudo em tempos de crise, eu diria que lhes pagamos para eles estarem a trabalhar, a resolver problemas do país, mas enfim...
A CDU fez a campanha do costume, sem altos e baixos. Vai ter um bom resultado. O ponto baixo foi saber-se que Ilda Figueiredo, cabeça de lista, é ao mesmo tempo vereadora e candidata a Gaia. Tal como faz o PS, é um péssimo princípio, e não esperaria tal coisa do PC.
O Bloco vai crescer, capitalizando o descontentamento, embora a campanha nunca tenha realmente aquecido. Miguel Portas é aquele tipo que fuma ganzas, que toda a gente conhece, mas que nunca ninguém tinha realmente ouvido com atenção. Infelizmente, ele de facto não tem nada de interessante para dizer.
O PP fez uma boa campanha, dentro do género, com o super-agressivo Nuno Melo a aproveitar o facto de liderar a investigação ao BPN. Mas é um partido que já perdeu há muito o comboio, sobretudo porque, na verdade, concorda com tudo o que Sócrates faz.
Disclaimer: o meu voto vai para a CDU.
PS - Li no Público uns tipos, muito indignados, porque foram recenseados automaticamente, sem serem informados. Um deles tinha uma T-shirt, que dizia "Recenseados à força". Well, well, well. Se não querem votar, muito bem, é o vosso direito. E, se estou a pensar bem, podem perfeitamente continuar sem votar mesmo que estejam recenseados (é o que vai acontecer com metade deste país nestas eleições). A única coisa que isto muda é tirar-vos o rótulo cool (e eu duvido seriamente que isso seja cool) de "eu nem sequer sou recenseado". Vocês não são assim tão importantes. Get over it.
Pois, diz que a campanha acabou e hoje é dia de reflexão. Bom, mas francamente, alguém ainda precisa de reflectir?
Desde o princípio desta merda, tinha como absolutamente certo em quem, de certeza, não votaria, e cheira-me que, nestas eleições, isso é um bocado o mais importante.
Há um facto fundamental nestas eleições, e duas personagens.
O facto é, sem dúvida, se ter discutido tudo menos a Europa. Aliás, a única vez que se falou da Europa foi sem querer. Foi quando o Avô Cantigas falou do imposto europeu, perdendo 50 mil votos com uma simples frase, e depois desdizendo-se afincadamente.
Em termos de personagens, destaco o Paulo Rangel e o próprio do Vital. Foram a alegria deste circo.
Rangel revelou-se um bom político. Um tipo agressivo, inteligente, rápido a atacar e a explorar os erros dos adversários (ok, com o Vital até era fácil). Uma agradável surpresa, e a primeira coisa de jeito a sair da "cantera" laranja em muitos anos (o Passos Coelho não conta, no fundo não passa de um Santana Lopes mas a armar ao sério). Neste campanha, admito que Paulo Rangel fez muito mais pelo PSD do que eu julgava possível.
E depois há o Vital Moreira, a verdadeira alma da festa.
Foi uma lufada de ar fresco, pelo absoluto burlesco da sua actuação. Desde o imposto europeu ao caso BPN, passando pelo anúncio da abertura das minas erradas e, claro, sem esquecer o seu fim de semana radical, em que começou no primeiro de Maio a ser expulso e acabou a descer o rio Minho em rafting, de calças de licra e tijela de corn flakes na tola. Vital é um desastre ambulante. é também um vaidoso incurável, porque só assim consigo entender como se meteu nestes assados. Continuo a tentar perceber que raio de slogan ele tem, quando grita, do alto do palanque "A Europa é...", e espera que o público lhe responda. Mas o público responde baixinho e não se ouve a resposta, e a coisa fica apenas bastante ridícula.
Foi também mais um exemplo da forma de fazer política do PS. Tentou fazer destas eleições um teste à oposição, quando é exactamente o contrário. Passou todo o tempo a atacar a oposição, mais nada. Ideias, nada. Por outro lado, continua o regabofe de termos ministros deste país em campanha, a participar em comícios. Sobretudo em tempos de crise, eu diria que lhes pagamos para eles estarem a trabalhar, a resolver problemas do país, mas enfim...
A CDU fez a campanha do costume, sem altos e baixos. Vai ter um bom resultado. O ponto baixo foi saber-se que Ilda Figueiredo, cabeça de lista, é ao mesmo tempo vereadora e candidata a Gaia. Tal como faz o PS, é um péssimo princípio, e não esperaria tal coisa do PC.
O Bloco vai crescer, capitalizando o descontentamento, embora a campanha nunca tenha realmente aquecido. Miguel Portas é aquele tipo que fuma ganzas, que toda a gente conhece, mas que nunca ninguém tinha realmente ouvido com atenção. Infelizmente, ele de facto não tem nada de interessante para dizer.
O PP fez uma boa campanha, dentro do género, com o super-agressivo Nuno Melo a aproveitar o facto de liderar a investigação ao BPN. Mas é um partido que já perdeu há muito o comboio, sobretudo porque, na verdade, concorda com tudo o que Sócrates faz.
Disclaimer: o meu voto vai para a CDU.
PS - Li no Público uns tipos, muito indignados, porque foram recenseados automaticamente, sem serem informados. Um deles tinha uma T-shirt, que dizia "Recenseados à força". Well, well, well. Se não querem votar, muito bem, é o vosso direito. E, se estou a pensar bem, podem perfeitamente continuar sem votar mesmo que estejam recenseados (é o que vai acontecer com metade deste país nestas eleições). A única coisa que isto muda é tirar-vos o rótulo cool (e eu duvido seriamente que isso seja cool) de "eu nem sequer sou recenseado". Vocês não são assim tão importantes. Get over it.
Cidade
Como todos os gajos que conheço, odeio dar dinheiro a arrumadores. Aliás, prefiro andar mais 500 metros ou mais do que dar dinheiro a esses gajos. Há algo de bizarro em pagar por nada. Ou seja, a gente vê o lugar, o carro cabe, na boa, mas depois aparece um tipo vindo não se sabe de onde, de jornal enrolado na mão, dando-se um ar importante de quem é dono do lugar e, por sorte tua, está disposto a deixar-te estacionar ali, por um preço. É uma farsa, na verdade. É um joguinho. Ele sabe que não serve para nada, que não está ali a fazer nada, e o condutor também sabe. Mas fazem aquele teatrinho, porque sim. O agarrado porque é agarrado e quer fazer uns cobres, os condutores porque têm medo, às vezes nem sabem bem do quê. (É relativamente fácil dar porrada num agarrado, é só agarrar pelo braço e destacar pelo picotado).
Mas hoje dei dinheiro a um.
Era o arrumador mais empenhado que alguma vez vi. Ia a entrar numa praceta, que tinha apenas um lugar que eu já tinha topado. Assim que faço o pisca, zás!, sai-me um gajo de um lado qualquer, a correr desalmadamente para o lugar. Mas corria com técnica, com afinco, como se fosse um corredor olímpico de 100 metros. Era um monhé com ar atarantado. Ia-se espetando já a chegar ao lugar mas, ali chegado, travou de repente e colocou-se muito hirto, muito composto, quase com ar de mordomo inglês, e limitou-se a agitar o seu jornaleco muito ao de leve.
Não sei se era agarrado e precisava do meu euro para finalmente ir dar no caldo. Só sei que ele mereceu o meu euro.
Fez-me rir, o cabrão.
Como todos os gajos que conheço, odeio dar dinheiro a arrumadores. Aliás, prefiro andar mais 500 metros ou mais do que dar dinheiro a esses gajos. Há algo de bizarro em pagar por nada. Ou seja, a gente vê o lugar, o carro cabe, na boa, mas depois aparece um tipo vindo não se sabe de onde, de jornal enrolado na mão, dando-se um ar importante de quem é dono do lugar e, por sorte tua, está disposto a deixar-te estacionar ali, por um preço. É uma farsa, na verdade. É um joguinho. Ele sabe que não serve para nada, que não está ali a fazer nada, e o condutor também sabe. Mas fazem aquele teatrinho, porque sim. O agarrado porque é agarrado e quer fazer uns cobres, os condutores porque têm medo, às vezes nem sabem bem do quê. (É relativamente fácil dar porrada num agarrado, é só agarrar pelo braço e destacar pelo picotado).
Mas hoje dei dinheiro a um.
Era o arrumador mais empenhado que alguma vez vi. Ia a entrar numa praceta, que tinha apenas um lugar que eu já tinha topado. Assim que faço o pisca, zás!, sai-me um gajo de um lado qualquer, a correr desalmadamente para o lugar. Mas corria com técnica, com afinco, como se fosse um corredor olímpico de 100 metros. Era um monhé com ar atarantado. Ia-se espetando já a chegar ao lugar mas, ali chegado, travou de repente e colocou-se muito hirto, muito composto, quase com ar de mordomo inglês, e limitou-se a agitar o seu jornaleco muito ao de leve.
Não sei se era agarrado e precisava do meu euro para finalmente ir dar no caldo. Só sei que ele mereceu o meu euro.
Fez-me rir, o cabrão.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Catcher in the rye
Uma notícia de jornal surpreendeu-me hoje. JD Salinger, escritor norte-americano autor dessa obra-prima chamada Catcher in the rye, está a processar um escritor nórdico que escreveu um livro inspirado na obra mais conhecida de Salinger. A minha grande surpresa foi saber que Salinger ainda estava vivo. Deixou de escrever em 1965, tornou-se recluso do mundo e nunca mais se soube de nada.
E fez-me ter pena de ele nunca mais ter escrito nada, pensar o que o mundo terá perdido. Um autor deste calibre, que vive há mais de 40 anos sem escrever, parece-me um crime contra a humanidade.
Quanto ao livro do escritor sueco, espero que escape aos processos. Os mestres também servem para isto, para incentivar outros a fazer alguma coisa. E se o próprio mestre não escreve, percebo o esforço de um fã (o livro do sueco é dedicado a Salinger) em trazer de novo à vida, e a novas aventuras, as personagens tão marcantes que Salinger deixou em livro.
E é sempre uma boa oportunidade para meter as pessoas a falar do escritor. Eu próprio, fã mais que assumido, fiquei a saber que o senhor ainda vive, e que é obcecado com a defesa dos royalties da sua obra.
Não importa.
Nas Fnac temos as edições dos poucos livros que escreveu. Qualquer um vale a pena.
Uma notícia de jornal surpreendeu-me hoje. JD Salinger, escritor norte-americano autor dessa obra-prima chamada Catcher in the rye, está a processar um escritor nórdico que escreveu um livro inspirado na obra mais conhecida de Salinger. A minha grande surpresa foi saber que Salinger ainda estava vivo. Deixou de escrever em 1965, tornou-se recluso do mundo e nunca mais se soube de nada.
E fez-me ter pena de ele nunca mais ter escrito nada, pensar o que o mundo terá perdido. Um autor deste calibre, que vive há mais de 40 anos sem escrever, parece-me um crime contra a humanidade.
Quanto ao livro do escritor sueco, espero que escape aos processos. Os mestres também servem para isto, para incentivar outros a fazer alguma coisa. E se o próprio mestre não escreve, percebo o esforço de um fã (o livro do sueco é dedicado a Salinger) em trazer de novo à vida, e a novas aventuras, as personagens tão marcantes que Salinger deixou em livro.
E é sempre uma boa oportunidade para meter as pessoas a falar do escritor. Eu próprio, fã mais que assumido, fiquei a saber que o senhor ainda vive, e que é obcecado com a defesa dos royalties da sua obra.
Não importa.
Nas Fnac temos as edições dos poucos livros que escreveu. Qualquer um vale a pena.
FONIX!!!
Erica, a Pinderica says:
. fonix
. no feicebu
O Homem-Esplanada says:
. ???
Erica, a Pinderica says:
. aparece-me logo o markl para adicionar como amigo
. credo!!!
O Homem-Esplanada says:
. ahahhahahahhahahahhahahah
Erica, a Pinderica says:
. ca noijo
. nem gosto de mamas!!
O Homem-Esplanada says:
. AHAHHAHHAHAHHAHAHHAHAHHAHAH
AHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHHA
Erica, a Pinderica says:
. fonix
. no feicebu
O Homem-Esplanada says:
. ???
Erica, a Pinderica says:
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O Homem-Esplanada says:
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Erica, a Pinderica says:
. ca noijo
. nem gosto de mamas!!
O Homem-Esplanada says:
. AHAHHAHHAHAHHAHAHHAHAHHAHAH
AHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHHA
terça-feira, 2 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Um raro aplauso
Desta vez, tenho de aplaudir o Governo. Não o faço sem algum repúdio, mas acaba de ser tomada uma verdadeira medida de esquerda e, eventualmente, a medida mais importante alguma vez decidida por este tecnocrata Executivo.
A partir de hoje, os reformados que tenham de reforma menos de um salário mínimo, têm direito a uma comparticipação de 100% do Estado no custo de medicamentos genéricos.
Não é o pagamento total em todos os medicamentos, mas é um sinal muito importante.
Um milhão de reformados sem posses, entre eles a minha mãe, podem deixar de ter de pagar os seus medicamentos, desde que os médicos lhes prescrevam genéricos. O objectivo declarado é incentivar o consumo dos genéricos. Pouco me importa a intenção. Só sei que é uma medida de grande impacto, beneficiando a franja mais injustamente excluída da nossa sociedade.
E isto é importante.
E é de aplaudir. Precisamos de mais.
Não é de TGV's e nacionalizações de bancos.
Desta vez, tenho de aplaudir o Governo. Não o faço sem algum repúdio, mas acaba de ser tomada uma verdadeira medida de esquerda e, eventualmente, a medida mais importante alguma vez decidida por este tecnocrata Executivo.
A partir de hoje, os reformados que tenham de reforma menos de um salário mínimo, têm direito a uma comparticipação de 100% do Estado no custo de medicamentos genéricos.
Não é o pagamento total em todos os medicamentos, mas é um sinal muito importante.
Um milhão de reformados sem posses, entre eles a minha mãe, podem deixar de ter de pagar os seus medicamentos, desde que os médicos lhes prescrevam genéricos. O objectivo declarado é incentivar o consumo dos genéricos. Pouco me importa a intenção. Só sei que é uma medida de grande impacto, beneficiando a franja mais injustamente excluída da nossa sociedade.
E isto é importante.
E é de aplaudir. Precisamos de mais.
Não é de TGV's e nacionalizações de bancos.
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