quarta-feira, 10 de junho de 2009

E como se nada fosse

Passaram-se poucos dias das eleições, em que Sócrates e companhia levaram uma tareira descomunal, mas o país está noutra. Entre o Quique, as sardinhas, as mini-férias ou o BPP, já ninguém fala no assunto. É por estas e por outras que nunca deve menosprezar o nosso primeiro, que manipula a agenda mediática como ninguém, mesmo que às vezes seja só uma questão de coincidências. Ao pé dele, a Ferreira Leite é, de facto, uma menina de coro.
Quanto aos resultados.
Derrota estrondosa do PS, que conseguiu escolher o pior candidato possível, que acumulou uma série de gaffes desnecessárias. A culpa não é do Vital, tal como a derrota não é só dele. É um bocado como o FC Porto, qualquer treinador chega lá e ganha, desde que não seja demasiado mau, e o Vital conseguiu ser pior do que o Jesualdo.
De salientar que o PS ganhou em apenas dois distritos em todo o país, exactamente o mesmo que aconteceu...com a CDU. O resto foi laranjada. Eu continuo a achar que os tugas são, por default, laranjinhas, só que de vez em quando zangam-se. Quando as coisas voltam ao normal, toma lá Cavaquistão all over again.
O discurso de Sócrates, na noite das eleições, foi absolutamente medíocre. Palminhas para a JS, palminhas para o Vital, uma intervenção completamente a olhar para dentro do partido. Se havia um líder de quem se poderia esperar um discurso de homem de Estado, naquela noite, seria Sócrates. Mas isso não aconteceu. Dele, apenas um discurso com ar amargurado de quem se sente traído pelo povo que não entende o quão genial ele é. Para o futuro, apenas uma ideia: vamos manter o rumo.
Sócrates é o anti-Guterres. Nada aprende porque nunca erra. No dia em que admitir uma falha, uma dúvida, sequer, é o fim do Mito de Sócrates, o Infalível.
O PSD teve uma vitória, foi agressivo no discurso, mas está a falar demasiado grosso para quem só ganhou a Taça da Liga. E aquela de dizer que o Governo ficou sem legitimidade para tomar decisões estruturantes para o país é um bom bluff, mas não passa de um bluff. Até ao dia em que termine o mandato, a legitimidade do Governo é absolutamente a mesma.
O Bloco teve um grande resultado, conseguindo eleger aquele tipo irritante dos óculos, mas nunca na vida conseguirá segurar esta posição nas legislativas.
O PC, de quem se disse que teve um péssimo resultado, não esteve tão mal assim. Manteve o número de deputados, ficou acima dos 10% e a cerca de 2 mil votos do Bloco.
O CDS mostrou que, mais uma vez, as sondagens não o sabem medir. Confundindo completamente europeias, legilstivas e caso BPN, deu mais uma prova de resistência.
Uma palavra para a Laurinda Alves. A cara do MEP convenceu mais de 50 mil tótós a dar-lhe o seu voto. Atenção, é perfeitamente legítimo votar na senhora. Tendo em atenção a grande maioria das alternativas, é altamente legítimo. Se mantiver este resultado nas legilstivas, a Laurinda pode ser eleita para o parlamento. O que irá propor lá? Terapia dos abracinhos? A senhora irrita-me, mas é refrescante que surjam novas coisas.
A abstenção foi elevada mas não tanto como certos catastrofistas previram. Sem a desculpa da praia, claramente é o desinteresse total. Quando fui votar, só vi velhos, o que mostra que os putos claramente não querem saber. De salientar muitos, muitos votos brancos e nulos. É a forma de certa de protestar, não simplesmente ficar em casa.
Os próximos tempos vão ser interessantes.
Confesso que nunca tinha ficado tão contente com uma vitória do PSD. A ver como o Sócrates se adapta a esta nova realidade. Suspeito seriamente que continuará igual. e isso é bom, porque nem vai cheirar a maioria absoluta.

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