sábado, 6 de junho de 2009

A campanha

Pois, diz que a campanha acabou e hoje é dia de reflexão. Bom, mas francamente, alguém ainda precisa de reflectir?
Desde o princípio desta merda, tinha como absolutamente certo em quem, de certeza, não votaria, e cheira-me que, nestas eleições, isso é um bocado o mais importante.
Há um facto fundamental nestas eleições, e duas personagens.
O facto é, sem dúvida, se ter discutido tudo menos a Europa. Aliás, a única vez que se falou da Europa foi sem querer. Foi quando o Avô Cantigas falou do imposto europeu, perdendo 50 mil votos com uma simples frase, e depois desdizendo-se afincadamente.
Em termos de personagens, destaco o Paulo Rangel e o próprio do Vital. Foram a alegria deste circo.
Rangel revelou-se um bom político. Um tipo agressivo, inteligente, rápido a atacar e a explorar os erros dos adversários (ok, com o Vital até era fácil). Uma agradável surpresa, e a primeira coisa de jeito a sair da "cantera" laranja em muitos anos (o Passos Coelho não conta, no fundo não passa de um Santana Lopes mas a armar ao sério). Neste campanha, admito que Paulo Rangel fez muito mais pelo PSD do que eu julgava possível.
E depois há o Vital Moreira, a verdadeira alma da festa.
Foi uma lufada de ar fresco, pelo absoluto burlesco da sua actuação. Desde o imposto europeu ao caso BPN, passando pelo anúncio da abertura das minas erradas e, claro, sem esquecer o seu fim de semana radical, em que começou no primeiro de Maio a ser expulso e acabou a descer o rio Minho em rafting, de calças de licra e tijela de corn flakes na tola. Vital é um desastre ambulante. é também um vaidoso incurável, porque só assim consigo entender como se meteu nestes assados. Continuo a tentar perceber que raio de slogan ele tem, quando grita, do alto do palanque "A Europa é...", e espera que o público lhe responda. Mas o público responde baixinho e não se ouve a resposta, e a coisa fica apenas bastante ridícula.
Foi também mais um exemplo da forma de fazer política do PS. Tentou fazer destas eleições um teste à oposição, quando é exactamente o contrário. Passou todo o tempo a atacar a oposição, mais nada. Ideias, nada. Por outro lado, continua o regabofe de termos ministros deste país em campanha, a participar em comícios. Sobretudo em tempos de crise, eu diria que lhes pagamos para eles estarem a trabalhar, a resolver problemas do país, mas enfim...
A CDU fez a campanha do costume, sem altos e baixos. Vai ter um bom resultado. O ponto baixo foi saber-se que Ilda Figueiredo, cabeça de lista, é ao mesmo tempo vereadora e candidata a Gaia. Tal como faz o PS, é um péssimo princípio, e não esperaria tal coisa do PC.
O Bloco vai crescer, capitalizando o descontentamento, embora a campanha nunca tenha realmente aquecido. Miguel Portas é aquele tipo que fuma ganzas, que toda a gente conhece, mas que nunca ninguém tinha realmente ouvido com atenção. Infelizmente, ele de facto não tem nada de interessante para dizer.
O PP fez uma boa campanha, dentro do género, com o super-agressivo Nuno Melo a aproveitar o facto de liderar a investigação ao BPN. Mas é um partido que já perdeu há muito o comboio, sobretudo porque, na verdade, concorda com tudo o que Sócrates faz.

Disclaimer: o meu voto vai para a CDU.

PS - Li no Público uns tipos, muito indignados, porque foram recenseados automaticamente, sem serem informados. Um deles tinha uma T-shirt, que dizia "Recenseados à força". Well, well, well. Se não querem votar, muito bem, é o vosso direito. E, se estou a pensar bem, podem perfeitamente continuar sem votar mesmo que estejam recenseados (é o que vai acontecer com metade deste país nestas eleições). A única coisa que isto muda é tirar-vos o rótulo cool (e eu duvido seriamente que isso seja cool) de "eu nem sequer sou recenseado". Vocês não são assim tão importantes. Get over it.

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