segunda-feira, 12 de outubro de 2009

E pronto, estamos despachados

Agora que já recuperámos das festas de arromba a que todos fomos na noite passada, festejando os resultados das eleições (loooooooooongo bocejo) autárquicas, vamos ao deve e ao haver.
Desta vez, não ganharam todos. O Louçã, um bocado a contragosto, lá assumiu que o Bloco não conseguiu cumprir os objectivos. Isto, em linguagem de noite de eleições, é tipo o discurso do zarolho que treinava o Setúbal, depois da goleada na luz.
Todos os outros ganharam, ou pelo menos dizem que sim.
Eu confesso que, numa leitura para além dos números, a grande vitória foi do PS. Depois de quatro anos de Governo, uma tareia nas europeias e uma vitória suada nas legislativas, o PS aguentou-se muito melhor do que eu esperava. Para mim, foi o grande vencedor da noite, mostrando que o tuga gosta mesmo disto.
O PSD ganhou nos números, mas pouco mais. Foi uma vitória de Pirro, ganhando com um penalti inventado no último minuto, contra o Atlético do Cacém.
A CDU voltou a mostrar a força autárquica e recuperou algum do respeito perdido com as eleições anteriores.
O PP é, nestas eleições, praticamente irrelevante, fruto sobretudo de andar no bolso da gabardine do PSD nas autarquias.
O Bloco mostrou que ainda tem que comer muita papinha para ter a influência nacional que muitos julgam.

Outros factos curiosos avulsos:

- Isaltino esmagou. Sei que fez obra, vivi lá perto muitos anos. Mas quem o elegeu que nunca mais se atreva a abrir a boca contra os políticos ou a qualidade da democracia. De facto, esta é, em última análise, aquilo que os cidadãos dela fazem.
Adorei o seu discurso de vitória, criticando os compadrios do sistema partidário, quando toda a gente sabe que só não concorreu pelo PSD porque o partido não quis.

- Elisa Ferreira e Ana Gomes, os dois melhores momentos da noite. Duas girls boçais armadas ao pingarelho, que foram castigadas, e bem. Às vezes o povo não é totalmente estúpido.

- António Costa ganhou, mas borrou-se todo pelo caminho. Com esta vitória, e a maioria da CML, assegurou o seu lugar de candidato do PS a primeiro-ministro, daqui a 4 anos. Mark my words. Costa é provavelmente o tipo menos carismático do mundo. É um chato calculista, incapaz de qualquer tipo de mobilização, de emocionar ou inspirar seja quem for. Mas isso nunca impediu ninguém de ganhar, em Portugal. É o produto perfeito do aparelho, e anda há anos a ser preparado, e a preparar-se, para ser líder.

- Santana perdeu, mas deu luta. Ganhou fôlego para levarmos com ele, noutra coisa qualquer, daqui a uns anitos. Gostei muito de ver a fronha do Pedro Granger, tristinho, coitado, a ouvir o discurso do Santana. Já agora, o gajo faz tantos anúncios da Worten, não há um cabrão de um frigorífico que lhe caia em cima da mona?!

1 comentário:

o homem do estupefacto amarelo disse...

Concordo com o essencial da tua posta. Acrescento apenas uma coisa. Para mim, o facto com maior importância simbólica nestas autárquicas foi a derrota de Santana. O statement dos lisboetas foi simples: "não nos esquecemos". São momentos raros (quase comoventes) esses em que a trajectória da política e a trajectória da memória confluem num só ponto por brevíssimos instantes. Depois, tudo volta ao normal e cada uma segue outra vez a sua órbita. Os blocos Centrais e os Valentins deste país precisam de continuar o seu caminho.