É o disco mais recente desta saga que chega agora ao seu sexto capítulo.
O disco em causa chama-se "Tanglewood Numbers", de 2005, pelos Silver Jews.
Os Jews são, na prática, uma criação de David Berman. Surgiram no início dos anos 90 quando Berman e Steven Malkmus (sim o man dos Pavement) trabalhavam como guardas num museu. Inicialmente, o mote era o lo-fi, quando ninguém fazia lo-fi. Era tudo grande, nessa altura, o som, os cabelos, a produção. O primeiro disco dos Jews foi gravado num walkman.
O que começou como uma brincadeira de Malkmus, os Pavement, projecto paralelo quando este se mudou para Nova Iorque, acabou por pegar juntos dos fãs do rock mais noise e alternativo. De tal forma que muita gente conheceu os Jews como o projecto paralelo dos Pavement (apesar de tudo ter começado exactamente ao contrário).
Malkmus ainda voltou ao Jews em alguns discos, e toda a discografia da banda é interessante. Mas a parte que mais me agarra é a segunda encarnação da banda, os últimos dois discos, dos quais "Tanglewood Numbers" é o primeiro, seguindo-se o recente "Lookout Mountain, Lookout Sea".
Depois de um longo período de desorientação, com ingredientes como depressão profunda, alcoolismo, dependência de drogas e tentativas de suicídio, 2005 viu nascer este disco, que tem como dois grandes pilares David Berman e a sua mulher Cassie, cuja voz faz o contraponto perfeito com a do dorido Berman.
Esta segunda encarnação dos Jews é claramente mais polida e menos "artística" do que nos caóticos e livres primeiros discos. Estes dois últimos são discos bem gravados, se bem que simples, e apostam na estrutura normal de canções, com efeitos devastadores. Berman é o rocker mais letrado do mundo (foi professor de literatura e é um escritor de algum sucesso), e a mistura do som country-rock-noise com letras perfeitas, bonitas e desesperadas, faz dos Jews - e deste disco em especial - uma obra-prima.
Os Jews não são necessariamente uma banda fácil. Não começamos logo a bater o pé, não ficamos viciados na primeira audição. É uma banda que requer carinho, entrega, uma audição cuidada até estarmos devidamente infectados. É a antítese do mp3, mas curiosamente foi assim que os conheci. Cheguei lá por ouvir o grande Cigano Mágico falar neles, saquei os albuns todos da net. De todos, "Tanglewood Numbers" foi o que mais me agarrou, e continua a ser o meu preferido até hoje.
Tudo é bom, mas as letras são do melhor. O universo é americano, mas o americano de Bukowski, das lojas de conveniência, das noites perdidas, das estações de serviço e das mulheres que se vão embora.
Deste disco, deixo-vos um excerto da letra de "Punks in the beerlight", a faixa que abre o disco:
"where's the paper bag that holds the liquor?
just in case I feel the need to puke.
if we'd known what it'd take to get here.
would we have chosen to?".
Para quem estiver interessado e use o Utorrent, pode sacar o disco daqui.
domingo, 25 de outubro de 2009
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3 comentários:
Colocar discos para "sacar" não será muito bom...
http://aguia-de-ouro.blogspot.com/
Pode ajudar às vendas. Eu comprei os cd's depois de ter sacado. Se não fosse o mp3 provavelmente nunca tinha conhecido a banda...
Dizem que o pessoal do Hamas, malta com um enorme sentido de humor, tem sempre estes gajos a tocarem no iPod antes de explodirem num sábado à tarde no meio de um hipermercado em Telaviv.
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