segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A peça que falta no nosso puzzle político

Nos últimos processos eleitorais surgiu uma miríade de novos partidos irrelevantes porque redundantes ideologicamente face aos partidos já existentes. E, no entanto, éxiste um espaço político ainda não preenchido pelo nosso sistema partidário: o quadrante direita/libertário.

Baseio-me aqui num modelo extremamente simples (utilizado naquelas bússolas eleitorais que polulam na net) que situa todo o espectro ideológico na intersecção de duas dimensões: (1) esquerda/direita e (2) libertário/conservador. A primeira dimensão diz respeito à atitude perante a igualdade económica, favorável à esquerda (e operacionalizada através da defesa de um estado social e regulador forte) e desfavorável à direita (operacionalizada através da defesa da redução da interferência do estado na esfera de liberdade dos agentes económicos). A segunda dimensão diz respeito à atitude perante a liberdade na esfera privada (sexualidade, droga, morte, religião, etc.) favorável nos libertários mesmo quando esta entra em colisão com os cânones da tradição e desfavorável nos conservadores, por entenderem que certas normas universais (alicerçadas na tradição e/ou na religião) devem guiar a conduta pessoal de toda a gente.

Combinando estes dois eixos, chegamos a 4 quadrantes: esquerda/libertário (espaço ocupado pelo BE e, numa escala menor, pelo PS); esquerda/conservador (ocupado tradicionalmente pelo PCP, apesar de este estar a caminhar progressivamente para uma posição mais libertária); direita/conservador (ocupado pelo PSD e, em maior grau, pelo PP) e direita/libertário (espaço por ocupar no nosso sistema político).

No fundo, a peça do puzzle que falta seria o equivalente ao partido democrata americano, bastante liberal do ponto de vista económico mas bastante libertário do ponto de vista dos costumes. Quando nas próximas eleições, dezenas de grupúsculos irrelevantes pensarem em criar novos partidos, que pelo menos um tenha a sensatez de se afirmar no nosso espaço político, através da ocupação deste quadrante ainda deixado em branco. Os eleitores da direita libertária (meus vizinhos libertários que vivem na mesma rua do que eu, mas do lado direito) agradeceriam e talvez a abstensão descesse ligeiramente.

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