quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A minha vida mudou há 18 anos

Lembra-me o inestimável Idle Consultant que passam hoje 18 anos de um dos jogos mais míticos, se não o mais mítico, da minha vida. Foi a 6 de Novembro de 1991, no entretanto desaparecido estádio de Highbury Park, em Londres, que o Benfica defrontou o então campeão inglês, o Arsenal. Era a Taça dos Campeões Europeus e, depois de um 1-1 na Luz, perante 80 mil pessoas, a segunda mão afigurava-se difícil. E foi difícil. Sofremos o primeiro golo, o profeta Isaías empatou com um golaço antes do intervalo. Foi um jogo de nervos, que vi em directo, com muito sofrimento. Chegámos ao prolongamento, e dois golos, de Kulkov e de novo de Isaías coroaram uma exibição de luxo a partir do intervalo. No onze, muitos históricos do Glorioso, e uma equipa que merece ser aqui recordada: Neno - Veloso, Paulo Madeira, Rui Bento e Schwarz; Kulkov, Jonas Thern, Rui Costa e Vítor Paneira (o meu jogador preferido do Benfica de todos os tempos); Isaías e Yuran. Jogaram ainda César Brito e José Carlos. No banco, um senhor chamado Sven-Goran Eriksson.


O jogo deu-me cabo dos nervos e acabou comigo, pela primeira, em lágrimas por causa de um jogo de futebol. O meu destino de benfiquista ficou ainda mais fortalecido aí. Nos anos seguintes, já sócio, fui visita regular ao estádio, apanhando molhas e mais desilusões que alegrias. Mas ser adepto é isto.

Este jogo, e o quase tão mítico 4-4 em Leverkusen, foi o responsável por ter percebido quão belo, dramático e intenso um jogo da bola pode ser. E é por isso, num momento em que a equipa de novo nos faz sonhar, que é importante recordá-lo.

PS: O Glorioso acaba de dar mais uma lição de segurança, classe e querer, ganhando em Liverpool, na casa do Everton. Uma boa resposta para todos os ressabiados que viram no acidente encomendado de Braga um sinal de fraqueza.

Carrega, Benfica!

1 comentário:

o homem do estupefacto amarelo disse...

Só o Benfica é o Benfica. Na guerra colonial em Angola, os tugas e o MPLA paravam os ataques durante o relato do Benfica, o que não acontecia com o Sporting ou o Porto. O Savimbi mandava mensagens para os benfiquistas a dizer "vamos ganhar o campeonato". O Xanana estava vestido com a camisola do Benfica enquanto esteve preso. Há uns anos houve uma greve da polícia em Maputo que acabou porque transmitiram pela televisão jogos do Benfica. Quando a segunda guerra mundial acabou, os portugueses comunas hasteavam bandeiras do benfica na suas casas, em substituição das bandeiras soviéticas proibidas. O Benfica foi sempre o clube de toda a gente, do povo e dos aristocratas, dos antifascistas e dos fascistas, dos pretos e dos brancos, dos portugueses e dos africanos, dos emigrantes e dos que cá ficam, dos do campo e dos da cidade, do do norte e dos do sul, dos urbanos e dos suburbanos, dos pobres e dos ricos, dos entendidos da bola aos que não percebem nada de bola como eu. Nenhum outro clube em Portugal tem este carácter universalista de agregar tanta gente diferente numa só grande e fraterna família. Só o Benfica é o Benfica.