A imprensa entretém-se agora a discutir se as escutas que apanharam José Sócrates a falar com o seu amigo Armando Vara são nulas ou legais. Há quem se indigne mesmo pelo simples facto de haver uma escuta de uma conversa em que um dos intervenientes é o nosso primeiro. Nada mais errado. Aliás, devia haver uma lei que estipulasse a obrigatoriedade de Sócrates, Cavaco e todos os ministros serem permanentemente escutados. Se há alguém com poder e que deva ser escrutinado são eles.
Acho que toda esta questão de se esta escuta é legal ou não é irrelevante. É como o Pinto da Costa e a fruta. Pode não ser legalmente admissível utilizar, mas toda a gente sabe que ele é corrupto, está provado em gravações. No caso do Sócrates, nem sequer se sabe bem o teor da conversa. Nem é preciso.
A minha questão é muito simples: por que carga de água o nosso primeiro está sempre metido em merda? A licenciatura ao fim de semana, o cambalacho com o apartamento, o freeport, amigos como o Coelho e o Vara, que cheiram a corrupção putrefacta a milhas de distância...
Eu caguei se é legal ou ilegal. Caguei se é grave o que disse ou deixou de dizer. O que sei é que o nosso primeiro-ministro é "amigo" de gente claramente infrequentável, e que tudo aquilo que sai nas notícias não chega a 10% da verdadeira corrupção que grassa por este país fora.
A verdade é que, com líderes deste gabarito, quem raio existe para dar o exemplo da moralização que é tão necessária?
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