quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Resposta a um post do Amarelo situado ali mais em baixo, intitulado Carta Aberta a Papousse

Caro Amarelo,

O Grande Bastardo e o Ninja das Massas disseram já, mais ou menos(mas em versão bom e legível), aquilo que quereria ter-te respondido. Não obstante isso, porque me mereces toda a consideração, largarei umas patacoadas mais sobre o assunto. Afinal, é para isto que serve um blog, não é?

Creio que tudo se resume a esta carrada de linhas que aqui vou deixar.

Para ti, Amarelo, a vitória da esquerda (lato sensu) nas presidenciais consubstanciará uma conquista de valor absoluto, que não permite que à definição do candidato da esquerda acresçam outros crivos que não os que resultem das seguintes convicções: Trata-se de alguém que a sociedade portuguesa reconhece como sendo de esquerda + Não existe nenhum outro merdas em melhores condições de sacar a taça à direita cavaquista.

Não faço – porque não há que fazer – uma apreciação moral sobre a singeleza destes dois critérios, mas reservo-me o direito de tomar um caminho diverso, não aceitando que, simplesmente, por isso, sem mais, esteja a ser sectário.

Com efeito, para além das probabilidades de vitória e da arrumação ideológica do candidato, outros factores poderão concorrer na escolha que cada um fará para próximo presidente. Ora, estando em causa a eleição de uma pessoa, não concebo o votar de cruz no cromo da esquerda apenas porque sim. Terei (falo na primeira pessoa do singular) inexoravelmente que atender a um aspecto para mim essencial: o carácter (ou, vá lá, o perfil) do cidadão que se propôs vir a ser chefe desta tribo republicana. E, bem ou mal, quanto a isto, a apreciação que faço do Manuel Alegre não é positiva, facto que necessariamente ponderarei se me for colocada a possibilidade de nele votar.

Que isto seja sectarismo, discordo.

Sectarismo esquerdista não é seguramente, porque, brincando aos cenários, admito, sem dramas, poder vir a votar em quem se situe à direita do Manuel Alegre.

Nomes para esses cenários? Freitas do Amaral e Ramalho Eanes (que apoiou, creio, a candidatura do Cavaco).

4 comentários:

Little Bastard disse...

O Barreto era menino para levar o meu voto.

raviolli_ninja disse...

Idem.

O Freitas e o Eanes também são fofinhos.

José Estalino disse...

Só merda.

o homem do estupefacto amarelo disse...

Caro Papousse,

Primeiro, uma apreciação formal: escreves muito bem, muito melhor do que eu, com um estilo elegante, irónico e inteligente.

Segundo, uma apreciação do conteúdo: concordo com a tua proposta de que no processo de escolha de um candidato presidencial, não basta avaliar a potencialidade para unir a esquerda e a potencialidade para mobilizar os eleitores. É preciso introduzir um 3º critério: a avaliação do carácter do candidato. Onde eu discordo é na avaliação tão negativa que fazes do carácter do Alegre. Para além da sua pose (que efectivamente é demasiado vaidosa, presunçosa e pedante), parece-me, do ponto de vista da sua personalidade política (e só esse ponto de vista é que me interessa), não ser mais desonesto e menos humanista do que Freitas do Amaral e Ramalho Eanes. Quanto muito empata com os candidatos que propuseste neste 3º critério, ganhando claramente nos outros 2.

Saudações estupefactas.