quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nice boys don't play rock and roll

Um gajo pode conhecer mil bandas muito mais brilhantes mais tarde e renegar as bandas politicamente incorrectas da nossa adolescência mas se por acaso cometermos o erro de voltar a ouvir os discos proscritos dez anos depois, o flashback é inevitável: são e serão sempre os discos das nossas vidas. É precisamente isso que acontece com os Guns. Por mais que hoje racionalmente identifique na banda os vícios típicos deste produto hardrock (caindo muitas vezes num virtuosismo kitsch de gosto extremamente duvidoso), o que é certo é que as minhas emoções rapidamente estalam com o verniz da ideologia: são e serão sempre uma grande banda de rock and roll. Bem sei que o passado nos prega partidas e que esta apreciação não é alheia às recordações mágicas da adolescência, do magnífico concerto em Alvalade a que fui com o Bastard, do junkie a apertar o garrote e a chutar-se mesmo à frente dos nossos olhos inocentes de 14 anos, da magnífica primeira parte dos então ainda semi-desconhecidos Soundgarden e Faith No More, destes últimos a colocarem o estádio inteiro a mandar garrafas de plástico ao ar ao som do portentoso "Epic", do também portentoso tralho do Axl Rose, ao som do genial "It's so Easy" do "Appetite for Destruction" (sendo, julgo eu, o álbum de estreia que mais discos vendeu), que pôs todo o pessoal a rir-se e do consequente amuo da vedeta Rose no "Civil War" (what's civil about war anyway?), qualquer coisa do género "Se continuam a lançar objectos pelo ar, nós voltamos para casa, acho que ali ao fundo não me estão a ouvir seus estúpidos de merda", e nós completamente a cagar para os seus insultos infantis porque estávamos a viver os melhores momentos das nossas vidas. Mas independentemente do desconto sentimental que necessariamente terá de se fazer a esta análise crítica, o que é verdade é que aqueles filhos da puta eram excelentes escritores de canções (ver, lá em baixo, o delicioso "Garden of Eden", que não me deixa mentir) e que se não fosse o hype deles no início dos anos 90 nunca o Grunge teria chegado ao mainstream, e que se não fosse o hype do Grunge nunca teria havido a resposta britânica do hype da Britpop: nada mau para o currículo de uma banda habitualmente banida pelos críticos musicais.
Bastard, para quando o "Appetite" nos "Discos da minha Vida"?

12 comentários:

. disse...

excelente!
quando li o título pensei que ias sair daí com a nice boys finish last (que inclui a frase do título), mas foi ainda melhor.
o appetite for destruction voltou à minha playlist há coisa de quatro anos, e até hoje ainda anda uma ou duas músicas comigo no mp3

Voyeur disse...

Quando é que vocês os dois se comem?

Xuxi disse...

you did it again damn it!!
tb la estive:))
those were the days...not the groupie days,(I was a band aid) but the fuckin' blastin' good days...

Voyeur disse...

Pois então que seja um ménage à trois.

Little Bastard disse...

Houve uma altura - o pós - em que era um bocado vergonhoso ser fã dos Guns.
A verdade é que terá sido a última grande banda de rock.
Eu cá dispensava os November Rains e as camisas com punhos de renda, mas foram uma grande, grande banda.

Little Bastard disse...

E sim, o próximo capítulo será dedicado a esse primeiro disco.

Little Bastard disse...

Ah, e já agora e não obstante o que ficou escrito acima, o Garden of Eden é, provavelmente, uma das piores músicas alguma vez escritas (?).

Indivíduo que não foi convidado para a conversa disse...

Nope, a última grande banda de rock foram os Smashing Pumpkins (por acaso liderados por outro maníaco).

funafunanga disse...

Smashing pumpkins, esses "emos" choramingas? Rotos!
Os Guns eram bons, mas não levaram a cena até ao fim. Basicamente:

I LIKE MY ROCKSTARS DEAD!

Little Bastard disse...

De facto, os Smashing foram o último produto dessa linhagem de superbandas de rock. Mas eram uns pussys, há que dizê-lo.

. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
. disse...

Discordo dos Smashing Pumpkins... Aliás, uma das minhas melhores prendas de aniversário foi o final deles, 3 ou 4 dias antes. Uma banda com um vocalista que quando canta se assemelha a um cabrito não figura ao lado dos Guns.